Cientistas querem descobrir se a microgravidade pode estimular o crescimento de tecidos e órgãos corporais. Para isso, uma nova missão espacial levará fígados em miniatura para a Estação Espacial Internacional (ISS).
De acordo com o site Live Science, a ideia é testar novas tecnologias projetadas para “cultivar” e manter estes tecido vivo. Depois, eles serão enviados de volta à Terra, onde, supostamente, poderiam ser transplantados para tratar uma variedade de doenças e distúrbios da função hepática.
Por que realizar o experimento no espaço?
- O cultivo de tecidos na Terra é considerado um grande desafio.
- Em parte, isso acontece porque a gravidade faz com que as células entrem em contato com o fundo da placa ou prato utilizados no experimento.
- A gravidade também coloca as células sob estresse, sendo necessário manter os organismos suspensos agitando o recipiente.
- Em função destes obstáculos, cientistas decidiram desenvolver biorreatores rotativos que simulam um ambiente de baixa gravidade girando muito rapidamente.
- Isso permite que tecidos e órgãos em miniatura cresçam em condições artificiais, mas isso acaba sobrecarregando o material, especialmente à medida que os aglomerados de células dentro deles ficam maiores.
- Por isso, a alternativa encontrada é levar todo o experimento para o espaço.
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Missão deve acontecer no ano que vem
Os pesquisadores explicam que esses organoides têm o tamanho de 0,2 milímetros e serão capazes de se organizar e interagir ainda mais uns com os outros para desenvolver tecidos maiores e, em particular, tecidos vascularizados.
Para permitir o cultivo em ambiente espacial, a equipe utilizou “células-tronco pluripotentes induzidas”, que são células adultas reprogramadas para serem células-tronco que podem dar origem a diferentes tipos de tecido.
Elas foram induzidas a se transformarem em células do fígado e agora serão cultivadas em um biorreator esférico especial, chamado Tissue Orb. Este aparelho conta com um conduto central imitando um vaso sanguíneo, possibilitando nutrir os organoides, o que garantiria o desenvolvimento de um tecido vascularizado mais complexo e maior.
O experimento está previsto para o início de 2025. Os tecidos crescerão a bordo da Estação Espacial Internacional por duas semanas e depois serão fixados (colocados em uma solução conservante) para análise. Um segundo experimento, que provavelmente ocorrerá no final do ano que vem ou no início de 2026, testará um sistema de superresfriamento para trazer os tecidos vivos de volta ao nosso planeta.