Fernanda Montenegro completa 80 anos de carreira em 2024. Com dezenas de peças, filmes e novelas em seu currículo, a atriz foi a única brasileira a ser indicada do Oscar na categoria “Melhor Atriz” e também soma nomeações no Globo de Ouro e no Emmy.
Ainda com a carreira ativa, a carioca apresentará “A Cerimônia do Adeus”, leitura da obra feminista de Simone de Beauvoir no Sesc 14 Bis, em São Paulo, a partir de 20 de junho.
Arlette Pinheiro Monteiro Torres — nome de registro de Fernanda Montenegro — nasceu em outubro de 1929 e foi a primeira atriz contratada pela TV Tupi, em 1951, quando assumiu seu nome artístico. Ao longo de sua carreira, além da primeira emissora, passou pela Band, TV Cultura, RecordTV, TV Globo, TV Excelsior e TV Rio.
A carioca foi uma das fundadoras do Teatro dos Sete, em 1959, juntamente com seu marido, Ítalo Rossi — com quem se manteve casada até sua morte, em 2008. O casal teve dois filhos dentro do relacionamento de 55 anos: Fernanda Torres, 58, também atriz, e Cláudio Torres, 61, diretor.
“Imortal” na Academia Brasileira de Letras
Reconhecida internacionalmente, Montenegro foi indicada ao Oscar, em 1999, na categoria “Melhor Atriz” pelo papel de Isadora Teixeira em “Central do Brasil”. Foi a primeira mulher latino-americana a ter esse título. Ainda, venceu o Emmy Internacional de 2013 na mesma modalidade por interpretar Dona Picucha em “Doce Mãe”.
Além desses, tem no currículo indicações a outros prêmios como Festival de Berlim, Globo de Ouro, Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, Satellite Awards, Prêmio Molière, entre outros.
Em 2022, Fernanda Torres tomou posse como “Imortal” na Academia Brasileira de Letras. A atriz passou a ocupar a Cadeira 17, a primeira mulher da colocação.
Em seu discurso na cerimônia de aceitação, disse: “devo esclarecer que sou uma incansável autodidata, cuja origem intelectual, emocional, sempre me chegou e ainda me conduz através da vivência inarredável de um ofício: atriz. Sou atriz.”
E continuou: “Venho dessa mítica, mística arte arcaica, eterna, que é o Teatro. Sou a primeira representante da cena brasileira, do palco brasileiro, a ser recebida nesta Casa como Acadêmica”.
Veja destaques da carreira de Fernanda Montenegro
“Guerra dos Sexos” (1983)
Produzida pela TV Globo, a novela ficou no ar por sete meses e tem como pano de fundo a disputa entre homens e mulheres. A história acompanha uma aposta feita entre primos — os protagonistas Charlotte (Fernanda Montenegro) e Otávio (Paulo Autran) — para disputar a herança do tio.
Para disputar o patrimônio, cada um forma um grupo — que incluem artistas como Tarcísio Meira, Glória Menezes, Maria Zilda Bethlem e Maitê Proença.
A produção chamou a atenção na época de seu lançamento por trazer cenas que tinham como único objetivo o humor. Silvio de Abreu, o autor, disse na época que se inspirou em filmes nacionais que continham o mesmo tom da novela e no cinema americano da década de 1930.
A novela está disponível na Globoplay.
“Central do Brasil” (1998)
No filme Fernanda Montenegro interpreta Dora, uma professora aposentada que trabalha como escritora de cartas para pessoas analfabetas na Central do Brasil, estação de trens no Rio de Janeiro. A aventura acontece quando tenta ajudar um menino a encontrar seu pai no interior do Nordeste até ele perder a mãe em um atropelamento.
A atuação rendeu uma indicação de “Melhor Atriz” ao Oscar, em 1999. Quem ganhou a edição foi Gwyneth Paltrow com a atuação em “Shakespeare Apaixonado”.
O filme está disponível na Globoplay, na Apple TV+, na Prime Video e na Google Play Filmes.
“O Auto da Compadecida” (2000)
A comédia dramática é baseada na peça teatral homônima, de 1955, escrita por Ariano Suassuna. A história acompanha Chicó e João Grilo, dois homens pobres que vivem de golpes para sobreviver.
Na trama, Fernanda Montenegro é Nossa Senhora, santa que surge para salvar os nordestinos e seu grupo de uma condenação eterna.
O longa está disponível na Globoplay e no Prime Video.