A World Boxing, federação internacional responsável pelo boxe olímpico, introduziu na sexta-feira 30 um novo protocolo: o teste genético para comprovação de gênero para todos os competidores. Trata-se de uma iniciativa voltada a regulamentar questões de idade, de peso e ligadas ao sexo dos atletas.
A medida, segundo a instituição, tem o objetivo de “garantir a segurança de todos os participantes e proporcionar uma competição com igualdade de condições para homens e mulheres”.
Como primeira ação nesta nova política, a argelina Imane Khelif, campeã olímpica em Paris 2024, foi suspensa da categoria feminina. A participação dela naqueles Jogos Olímpicos gerou muita polêmica.
A Associação Internacional de Boxe (IBA) na época questionou sua elegibilidade para competir entre mulheres, ao alegar que ela não atendia aos critérios de elegibilidade.
O Comitê Olímpico Internacional (COI), no entanto, autorizou Khelif a competir nos Jogos Olímpicos de Paris.
A IBA e o COI tinham abordagens diferentes em relação à elegibilidade de atletas com características genéticas ou hormonais que se desviem do padrão tradicional.
A World Boxing, porém, manteve em parte a postura da IBA. Ela se tornou a mais nova entidade de governança do boxe amador, em substituição à própria IBA.
Isto porque o COI retirou o reconhecimento da IBA por acusações de falhas em governança e finanças.
A World Boxing foi reconhecida temporariamente pelo COI como a federação internacional responsável pelo boxe, o que permite ao esporte permanecer nos Jogos Olímpicos.
Khelif, agora, está impedida de participar da Copa do Mundo de Eindhoven, entre 5 e 10 de junho, e de futuras competições chanceladas pela entidade, até que realize o teste genético. A suspensão teve a seguinte justificativa:
“Esta decisão reflete preocupações com a segurança e o bem-estar de todos os pugilistas, incluindo Imane Khelif”, declara a entidade, em nota.
O comunicado acrescenta que a iniciativa também “visa a proteger a saúde mental e física de todos os participantes face a algumas das reações que foram expressas em relação à potencial participação da boxeadora na Copa do Mundo de Eindhoven”.
Teste genético no boxe
A nova política, desenvolvida por um grupo de trabalho com membros do Comitê Médico e de Antidoping da World Boxing, consultou evidências médicas e especialistas de outros esportes.
Atletas maiores de 18 anos precisarão de um exame PCR (reação em cadeia da polimerase) para determinar o sexo biológico, aquele designado no nascimento. O teste, que busca o material genético SRY (cromossomo Y), pode ser feito por swab nasal, saliva ou sangue.
Para categorias masculinas, são aptos a competir atletas designados homens no nascimento com cromossomo Y ou diferença de desenvolvimento sexual (DSD) com androgenização masculina (aumento de hormônios masculinos).
Para categorias femininas, a condição de participação exige atletas designadas mulheres no nascimento com cromossomo XX ou ausência do Y, ou DSD sem androgenização masculina.