sábado, abril 26, 2025
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FBI prende juíza acusada de ajudar imigrante a fugir da deportação

A juíza Hannah C. Dugan, do Tribunal do Condado de Milwaukee, nos Estados Unidos, foi presa pelo FBI sob a acusação de ter ajudado um imigrante ilegal a escapar de agentes de imigração dentro do próprio tribunal. A informação foi confirmada pelo diretor da agência, Kash Patel, nesta sexta-feira, 25.

De acordo com o relatório da investigação, a juíza teria facilitado a fuga de Eduardo Flores-Ruiz, cidadão mexicano acusado de violência doméstica, que já havia sido deportado do país em 2013 e estava novamente em situação irregular.

Agentes do Departamento de Segurança Interna (DHS), da Agência de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE) e do FBI foram ao tribunal com o objetivo de prender Flores-Ruiz. O plano previa a captura em áreas públicas do prédio, para reduzir riscos durante a operação.

O mexicano deveria participar de uma audiência criminal presidida pela juíza Dugan. Segundo o documento, os agentes avisaram previamente os seguranças e funcionários da corte sobre a operação, conforme o protocolo. A equipe envolvida era composta por oficiais do ICE, agentes do FBI e da DEA, todos à paisana para evitar tumulto.

Durante a audiência, a juíza foi alertada por uma defensora pública, identificada como “Advogada A”, sobre a presença de agentes do ICE no corredor do tribunal. Ela chegou a fotografar discretamente os oficiais. De acordo com o relatório, a juíza Dugan reagiu com irritação, classificou a situação como “absurda” e dirigiu-se ao seu escritório.

Em seguida, confrontou os agentes no corredor, exigiu que se retirassem do local e questionou a validade do mandado de prisão que portavam. Ela também ordenou que os oficiais fossem ao escritório do Juiz-Chefe, a fim de afastá-los da área próxima à sua sala de audiências.

Confronto no tribunal

Enquanto isso, a juíza acelerou o andamento dos casos. Segundo um assistente da promotoria, ela afirmou que entraria em contato com o Juiz-Chefe antes de deixar o plenário.

Na sequência, Dugan ordenou que Flores-Ruiz e seu advogado se aproximassem e os conduziu por uma “jury door” — uma passagem restrita a jurados, réus sob custódia e funcionários do tribunal — em violação aos protocolos da corte. Testemunhas confirmaram que a juíza os guiou por áreas reservadas, para permitir que o réu evitasse o corredor onde os agentes federais aguardavam.

Kash Patel discursa ao ser empossado como diretor do FBI | Foto: Reuters/Leah Millis
Kash Patel discursa ao ser empossado como diretor do FBI | Foto: Reuters/Leah Millis

Flores-Ruiz e seu advogado deixaram discretamente o tribunal por meio de elevadores afastados para tentar despistar a vigilância. Já do lado de fora, na tentativa de alcançar a saída da Rua 9, Flores-Ruiz foi localizado por agentes federais. Ao ser abordado, fugiu pelas ruas do centro de Milwaukee.

“Uma perseguição a pé se seguiu… e, por fim, [eles] o prenderam próximo ao cruzamento da Rua W. State com a Rua 10″, descreve o relatório. A captura ocorreu cerca de 22 minutos depois do primeiro avistamento do réu no sexto andar do tribunal.

O processo criminal do FBI

A denúncia também demonstra que a juíza Dugan ignorou a presença das vítimas de violência doméstica que aguardavam a audiência de Flores-Ruiz. O caso foi adiado sem que a promotoria, as vítimas ou o setor de atendimento fossem informados, o que gerou indignação entre os presentes.

Um dos promotores percebeu que o processo de Flores-Ruiz não havia sido chamado e questionou o tribunal sobre o ocorrido. A falta de comunicação deixou a equipe do Ministério Público sem informações sobre o andamento do caso.

O documento ressalta ainda que, embora houvesse receio da administração do tribunal quanto à presença de agentes federais em audiências criminais, a lei permite a realização de prisões em áreas públicas, como os corredores do prédio. Não existia qualquer proibição formal em vigor no momento da operação.

A denúncia criminal afirma haver indícios suficientes para sustentar que Dugan violou a legislação federal ao obstruir um procedimento oficial e ao ocultar uma pessoa procurada pelas autoridades. A defesa da magistrada ainda não se pronunciou.



Via Revista Oeste

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