quinta-feira, setembro 19, 2024
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Falhas em turbinas gigantes arriscam setor de energia eólica

O Vineyard Wind 1, sobre o qual o Olhar Digital já reportou algumas vezes, tinha recentemente se tornado o maior parque eólico offshore em funcionamento nos Estados Unidos. O título não durou muito. Uma das pás gigantes da turbina, que fica na costa de Massachusetts (EUA), quebrou e trouxe de volta preocupações que podem arriscar todo o setor de energia eólica.

Na ocasião, em meados de julho, a quebra da lâmina de mais de 90 metros de comprimento lançou pedaços de fibra de vidro e outros materiais no mar, que foram levados pela maré até a costa. As autoridades locais foram forçadas a fechar as praias do condado de Nantucket.

Parque eólico offshore Vineyard Wind 1 (Imagem: Divulgação/Avangrid)

Energia eólica ganhou novas preocupações após quebra da turbina

A preocupação não foi só com a segurança dos banhistas. Pescadores destacaram ao The New York Times que também se preocupavam com a integridade de suas embarcações. Um deles destacou que o legado sustentável é importante, mas a que custo?

Os desenvolvedores do parque eólico offshore Vineyard Wind 1 esperavam finalizar o projeto ainda este ano, se concretizando como o maior de seu tipo nos Estados Unidos. Essa meta teve que ser adiada.

Representantes do setor consultados pelo jornal estadunidense acreditam que as fabricantes das turbinas podem ter valorizado velocidade em detrimento da qualidade. Eles queriam tanto aumentar as estruturas que pularam algumas etapas no caminho (como os testes de qualidade e segurança).

As falhas vêm em cenário de pressão por energia limpa, ao mesmo tempo que alguns estados dos EUA, como Massachusetts e Nova York, não têm condições ideais para ter grandes fazendas eólicas ou solares em terra. O governo de Joe Biden, inclusive, espera 30 gigawatts de capacidade eólica offshore até 2030, o suficiente para abastecer dez milhões de casas.

Vineyard Wind 1 não foi o único: parque eólico Dogger Bank, na Inglaterra, teve problemas com turbinas da mesma fabricante (Imagem: Divulgação/Dogger Bank Wind Farm)

E a segurança?

Depois do incidente em julho, autoridades estadunidenses permitiram o retorno de algumas das instalações do parque. As lâminas estão proibidas de serem instaladas ou operadas.

O Vineyard Wind 1 não é o único a passar por situação assim. O Dogger Bank, maior parque eólico do planeta, localizado na Inglaterra, também teve duas lâminas quebradas este ano. As turbinas de ambas instalações são da fabricante GE Vernova. A empresa diz que os incidentes não estão relacionados, mas não chegou a fornecer detalhes. Especialistas têm suspeitas.

As ocorrências levantaram preocupações de segurança e confiabilidade de estruturas. Segundo o jornal, é de se esperar que o risco desses projetos faça o preço da energia eólica aumentar em relação a outras fontes limpas.

Esse aumento será repassado parte para os moradores, parte para o governo federal e os governos estaduais que subsidiam os parques. Isso, por sua vez, deve levar a outras dificuldades, como aprovações dos projetos, principalmente para as poucas empresas que fabricam as estruturas, como as turbinas (a exemplo da GE Vernova).

Setor de energia eólica tem mais fatores para se preocupar

Segurança, confiabilidade e as consequências que vêm com isso, como aumento de preços e críticas, não são os únicos problemas do setor de energia eólica.

Na verdade, as falhas nas turbinas são apenas um dos problemas:

  • Projetos com orçamentos altos, atrasos na emissão de licenças, altas taxas de juros e discordância por parte de moradores locais onde os parques serão instalados são outras questões que dificultam a vida do setor;
  • Desafios na cadeia de suprimentos, que envolve fibra de carbono e madeira, também não ajudam a situação. A pandemia de Covid-19 aumentou os custos e a guerra na Ucrânia elevou o preço da energia;
  • Nessa situação, as empresas que não conseguirem garantir o funcionamento rapidamente, como a GE Vernova, tanto no Vineyard Wind quanto no Dogger Bank, estarão perdendo dinheiro. De acordo com Scott Strazik, presidente-executivo da companhia, isso já está acontecendo;
  • Do lado oposto do setor de energia eólica, grupos que se opõem à instalação das turbinas offshore aproveitam das falhas para pressionar reguladores, argumentando tanto pela segurança dos moradores quanto pela falta de transparência das empresas.

Via Olhar Digital

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