Os problemas envolvendo a espaçonave Starliner, da Boeing, são apenas mais uma dor de cabeça para a empresa. Após falhas na cápsula espacial, a fabricante de aviões viu a NASA decidir que o equipamento deveria retornar para a Terra sem a equipe de astronautas por questão de segurança.
Problemas recorrentes em aviões
- Como se não bastasse este revés espacial, a Boeing decidiu interromper no mês passado os testes de voo em sua frota 777-9 depois de descobrir uma falha técnica.
- A Associação Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA) também ordenou uma inspeção dos assentos dos pilotos do 787 Dreamliner da Boeing após um voo da LATAM Airlines de Sydney, na Austrália, para Auckland, na Nova Zelândia, perder altitude repentinamente em março, ferindo 50 pessoas.
- Agosto ainda marcou o fim de dois dias de audiências do Conselho Nacional de Transporte e Segurança dos EUA sobre o voo 1282 da Alaska Airlines, que pousou depois que uma porta de emergência caiu do avião no meio do voo.
- De acordo com um relatório interno, foram 2.123 acidentes em voos da Boeing entre 1959-2022, com cerca de um em cada três deles considerados “fatais”.
- Deste total, 300 aconteceram apenas na última década, despertando preocupações sobre a administração da empresa, que responde por cerca da metade da frota de aviões mundial.
Leia mais
Empresa não teria priorizado segurança
De acordo com Richard Aboulafia, diretor-gerente da empresa de consultoria AeroDynamic Advisory, a fusão da Boeing, em 1997, com a McDonnell Douglas Corp, uma de suas maiores concorrentes, pode explicar o atual cenário. Esse movimento desencadeou o pensamento de que sempre era necessário cortar custos e entregar resultados melhores, algo potencialmente desastroso para uma empresa que deve priorizar a segurança.
O resultado disso, de acordo com Bjorn Fehrm, analista aeronáutico e econômico da consultoria Leeham Company LLC, foi o silenciamento sistemático de engenheiros que encontraram problemas técnicos nos últimos anos.
Em 2012, por exemplo, um grupo de engenheiros da Boeing notou que o software de estabilização de voo do 737 Max precisava de mais testes e levantou essa preocupação. Os executivos da empresa, no entanto, não levaram o caso adiante.
Para tentar reverter este quadro, a fabricante de aeronaves nomeou Robert Kelly Ortberg como novo CEO da empresa em julho. Ele começou sua carreira em 1983 como engenheiro na Texas Instruments, uma empresa de semicondutores, antes de se mudar para a Collins Airspace como gerente de programa.
A formação de Ortberg como engenheiro mecânico pela Universidade de Iowa, juntamente com sua experiência como executivo, significa que “ele é a pessoa certa” para mudar a trajetória da Boeing, de acordo com os analistas ouvidos pela reportagem do Euronews. A Boeing foi procurada, mas não comentou sobre a administração da empresa.