Em 1927, Thomas Parnell, o primeiro professor de física da Universidade de Queensland, na Austrália, deu início ao que hoje em dia é conhecido como o experimento de laboratório mais longo do mundo.
O que você vai ler aqui:
- Um experimento de laboratório iniciado há 97 anos ainda está em execução;
- Conhecido como “Experimento da gota de piche”, ele foi pensado para demonstração de materiais com alta viscosidade;
- Os dois primeiros responsáveis pelo trabalho morreram sem ver qualquer resposta;
- Uma webcam posicionada em local estratégico exibe o experimento em tempo real para o mundo todo.
Concebido como uma demonstração de materiais altamente viscosos, o experimento começou com o aquecimento do piche (resíduo da destilação de alcatrão de carvão), que foi colocado em seguida em um funil de vidro selado e, três anos depois, acomodado à forma do recipiente.
Embora isso possa parecer muito tempo para esperar que um experimento comece a funcionar, foi apenas um longo piscar de olhos considerando a duração planejada da demonstração.
Segundo consta na descrição, em 1930, Parnell cortou a haste do funil, permitindo que o líquido altamente viscoso fluísse lentamente para o fundo. Desde então, o experimento vem sendo executado de forma incrivelmente lenta. A primeira “gota” caiu oito anos após o início do processo, com mais cinco caindo nos 40 anos seguintes.
Durando já quase 100 anos, o experimento passou pela responsabilidade de vários custodiados diferentes, sendo Andrew White o atual guardião. Parnell e seu sucessor, o professor John Mainstone, morreram sem que eles mesmos vissem cair uma gota.
Há algum tempo, o trabalho está sob constante vigilância de uma webcam, o que significa que a próxima queda não vai escapar de vista. A mais recente ocorreu em 2014, conforme mostra o vídeo a seguir.
Veja o experimento da gota de piche ao vivo
O trecho acima mostra um lapso de tempo acelerado, mas se você quiser assistir ao experimento em tempo real basta clicar aqui.
O experimento é menos controlado do que o ideal: ele está sujeito às flutuações da temperatura ambiente, e o diâmetro interno do caule não pode ser medido com precisão sem o risco de danificar o ensaio). Apesar disso, tem revelado muito ao longo de quase um século.
Levando em conta uma série de fatores, os cientistas puderam fazer uma estimativa razoável da viscosidade do piche, por exemplo, descobrindo que o resultado obtido não se encaixa bem com as previsões anteriores.
Segundo White, a explicação provável está nas diferentes amostras de piche. “Estas poderiam ter proporções diversas de hidrocarbonetos voláteis aprisionados e isso afetaria a viscosidade.”