Trinta ex-presidentes, da América Latina e da Espanha, publicaram uma carta na sexta-feira 24, na qual definem como golpe de Estado a decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela, que validou a reeleição do ditador Nicolás Maduro. As informações são da Folha de S. Paulo.
Dentre os signatários estão os ex-presidentes Maurício Macri (Argentina), Mario Abdo (Paraguai), Luis Alberto Lacalle (Uruguai), Iván Duque (Colômbia) e Felipe Calderón (México), membros da Iniciativa Democrática da Espanha e das Américas (Idea).
“Esta decisão constitui um típico golpe de Estado contra a soberania popular, expressa na clara decisão dos venezuelanos de eleger Edmundo González Urrutia como presidente da República em 28 de julho”, afirma a carta.
O TSJ, controlado pelo regime chavista, validou a reeleição de Maduro na quinta-feira 22, sem divulgar atas ou comprovantes de votação, reservando os documentos sob tutela judicial.
O Conselho Nacional Eleitoral proclamou Maduro vencedor com 52% dos votos, contra 43% de González, mas não apresentou as atas eleitorais, apesar da pressão internacional.
A carta da Idea solicita medidas internacionais eficientes contra os responsáveis pelo golpe e pelos crimes contra a humanidade ocorridos na Venezuela.
“Sublinhamos que, se este golpe de Estado se consumar, terá dado um golpe final em todos os elementos essenciais da democracia na Venezuela,” diz a carta.
Oposição reivindica vitória
A oposição venezuelana declara ter vencido as eleições com 67% dos votos, com base em atas eleitorais de 80% das mesas de votação, publicadas online.
Essas atas são consistentes com análises de veículos como The New York Times e The Washington Post, e têm alta probabilidade de serem legítimas, segundo uma organização colombiana.
O The Carter Center, observador independente, também indicou vitória de González.
Em carta anterior, a Idea fez pressão sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a adotar uma postura mais firme sobre a crise eleitoral na Venezuela. Lula aguardava o posicionamento do TSJ e não se manifestou sobre a chancela do órgão até sexta-feira 23.