Nascido muçulmano xiita e que se tornou rabino depois de se converter ao judaísmo nos anos 1990, um ex-membro do Hezbollah será um dos que recepcionarão a comitiva de dirigentes comunitários brasileiros que chegou a Israel nesta semana. Avraham Sinai, antes conhecido como Ibrahim Yassin, tem uma longa história de sofrimento e superações.
Na reunião que ocorrerá na próxima quinta-feira 23, Sinai contará aos líderes da comunidade, entre eles representantes da Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp), a sua experiência de conviver ao lado de terroristas.
O hoje rabino conta que foi interrogado sob pesada tortura. Deu respostas que convenceram os terroristas. Libertado, decidiu que iria espionar para as FDI.
O The Times of Israel afirma que Sinai queria se vingar da organização. Ele então se juntou ao Hezbollah e subiu nas suas fileiras, ao mesmo tempo em que passava informações a Israel.
“Eu ia a pé… até a fronteira israelense… para me encontrar com o pessoal do exército israelense”, disse ele.
Fuga para Israel e conversão para o judaísmo
Em 1997, Sinai conseguiu fugir do Líbano e foi morar em Israel com a mulher e os seus sete filhos (dois morreram assassinados, segundo ele, pelo Hezbollah). Passaram a morar na cidade de Safed, no norte, conhecida por ter uma tradicional casa de estudos judaicos.
Ao frequentar o local, conta que passou a admirar temas judaicos, se converteu e, anos depois, tornou-se rabino. Um de seus filhos, Amos, serviu na Brigada Golani das FDI. Outro, Haim atuou pela Brigada Givat.
“Tenho certeza de que, neste ambiente de terror, há muitas pessoas que desejam fazer o mesmo que Sinai em busca de alguns valores que contrastam com a violência baseada em uma interpretação insana de uma religião”, afirma, a Oeste, Nessim Hamaoui, especialista em assuntos judaicos e diretor da revista Kadimah.
Foi o caso também de Mosab Hassan Yousef, filho de um dos fundadores do Hamas. Ele é autor do livro Filho do Hamas: Um relato impressionante sobre terrorismo, traição, intrigas políticas e escolhas impensáveis, de 2010.
Yousef esteve em 2023 no Brasil, para contar o que testemunhou na intimidade do grupo. Agora, Sinai fará o mesmo para os dirigentes comunitários brasileiros.
“Ainda eles não são muitos, mas já são em número suficiente para mostrar que há saída para pessoas que desde cedo conviveram com o terror”, completa Hamaoui.