O caso recente envolvendo os atletas Gustavo Scarpa, Mayke e William Bigode, que estão na justiça após perderem cerca de R$ 10,3 milhões em investimentos em criptomoedas, não é isolado. Diversos outros jogadores relataram, nos últimos anos, perdas milionárias em golpes ou investimentos que não deram certo.
“Conhecimento é base para tudo. Então se o atleta vai começar a querer investir, eu sempre falo, se você entender sobre a trinca do mercado financeiro já sai na frente de muita gente. E quando se fala em cripto [moedas], é um ativo alternativo. Então se muitos atletas fizeram isso, foi pela falta de conhecimento e de oportunistas. Pra mim são oportunidades, todo dia tem alguém querendo enganar o atleta”, explicou.
O ex-jogador, que teve passagens por Vitória, Fortaleza, Goiás, Botafogo, Atlético-MG e anos de atuação na Europa, além de também ter jogado pela Seleção Brasileira, hoje atua no mercado financeiro com a empresa Okto Investimentos, que ajuda atletas no planejamento financeiro e de patrimônio.
Para Dudu Cearense, o conhecimento é primordial para que jogadores não caiam em golpes financeiros.
“O atleta se ele perceber e buscar conhecimento, somente 15 minutos por dia, ele vai entender aquilo. ‘Peraí, se está entregando 50% ao mês, 10% ao mês, de onde vem isso?’ Então é entender pra onde vai e como ele quer fazer isso. Se é pra arriscar, arrisca, pode perder, mas não perder todo o patrimônio. A diversificação é muito importante nesse processo de construção”, disse o ex-jogador.
O caso de Scarpa, Mayke e Bigode acabou se tornando emblemático, mas Dudu Cearense revelou que esse tipo de relação é comum nas equipes.
“Muito comum [companheiro de clube indicar investimento]. Porque ele confia. Está no dia a dia, né. Então se ele escutar alguém falando de investimento tal, ele vai sem conhecimento, por confiança no amigo. Já vi atletas investirem com pessoas que não têm certificação nenhuma. Como eu vou entregar minha vida a um doutor sem CRM? Não faz sentido”, afirmou.
Dudu contou que começou a se interessar pelo mercado financeiro quando ainda jogava e que, por isso, muitos companheiros de equipe pediam dicas.
“Naquela época [de jogador] que eu já ajudava alguns atletas, eles pediam investimentos além do que eu estava falando, que era o básico. Eu falava ‘Não posso te falar, porque não sou profissional, sei o básico.’ Hoje não, eu posso, porque eu tenho direito de falar isso, sou profissional da área. Eu protejo o atleta.”
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