quinta-feira, novembro 21, 2024
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Ex-diretor do Instagram revela assédio sofrido por sua filha na rede social

O Congresso americano segue apurando os possíveis riscos do Instagram na saúde mental de seus usuários adolescentes. Agora, foi a vez de um ex-diretor da rede social ser ouvido pelos senadores. Na quarta-feira (08), Arturo Béjar, diretor de engenharia do Instagram de 2009 a 2015 e consultor para combate ao assédio na rede de 2019 a 2021, revelou que sua filha e os amigos dela sofreram com assédio na plataforma.

Além de relatar os assédios, o ex-diretor contou que a plataforma não tomou nenhuma medida, sendo que ele chegou a notificar Mark Zuckerberg, dono da rede social, em 2021, através de um e-mail. Outros executivos também teriam sido avisados pelo ex-funcionário, mas, nenhuma mudança significativa foi feita.

Zuckerberg é acusado por diversos ex-funcionários de vetar pedido de aumento de recursos que protejam a saúde mental dos adolescentes nas redes sociais em 41 estados americanos e na capital Washington. Presidente da Meta, a empresa alega que desenvolveu cerca de 30 recursos para ajudar jovens a terem experiências positivas e seguras enquanto navegam.

Segundo o Wall Street Journal, o ex-diretor do Instagram teria enviado uma mensagem em outubro de 2021, detalhando a situação vivida por sua filha e suas amigas. Em seu tempo livre, Béjar tinha como hobby se dedicar a restauração de carros com a filha. A adolescente então, passou a fazer posts na plataforma sobre o assunto e comentários negativos começaram a surgir.

Um homem chegou a comentar que só assistia aos conteúdos dela “porquê você tem peitos”. Embora a conta tenha sido denunciada pela filha do ex-diretor, o Instagram não a tirou do ar por considerar que as diretrizes não foram violadas. Além disso, em 2019, quando a adolescente tinha apenas 14 anos, ela recebeu nudes, mas em certo momento parou de denunciar, já que as ações do aplicativo eram raras.

Ao se queixar do problema, Béjar foi colocado como consultor na equipe de Bem-Estar, por dois anos, para ajudar na diminuição de experiências ruins nas redes sociais. Embora a Meta revele números baixos de posts problemáticos que são visualizados, em uma pesquisa com 238 mil usuários sobre suas experiências, 26% revelaram comentários hostis e 13% contaram já ter recebido investidas sexuais.

Béjar contatou executivos

Quanto ao email enviado para Zuckerberg, além de ter encaminhado para diretora de operações, Sheryl Sandberg, o diretor de produto, Chris Cox, e o chefe do Instagram, Adam Mosseri, Béjar disse ao Wall Street Journal que o conteúdo não foi bem aceito. “Quero chamar sua atenção para o que acredito ser uma lacuna crítica na forma como nós, como empresa, abordamos os danos e como as pessoas que servimos os vivenciam.”, começou ele.

O ex-diretor contou ainda que sua filha, com 16 anos, na época, fez uma postagem sobre carros e recebeu a mensagem: “Volte para a cozinha”. Béjar continuou afirmando que “Ao mesmo tempo, o comentário está longe de violar a política, e nossas ferramentas de bloqueio ou exclusão significam que essa pessoa irá para outros perfis e continuará a espalhar misoginia. Não creio que políticas/relatórios ou maior revisão de conteúdo sejam as soluções”.

Segundo Béjar, a Meta deveria se ocupar menos com a política de regras e focar em isolar usuários que usam as redes sociais com intenção negativa.

As acusações contra a empresa de Zuckerberg começaram devido à ferramenta conhecida como “filtro da beleza”, que segundo especialistas são usados por meninas adolescentes, embora apresente padrões inatingíveis de beleza. O empresário se justifica no processo, afirmando que há uma “clara demanda” pelo filtro, negando que seja prejudicial.

Meta rebate acusações

Em nota, a empresa Meta afirmou que trabalha pela segurança dos jovens nas redes sociais. “As questões levantadas aqui em relação às pesquisas de percepção do usuário destacam uma parte desse esforço, e pesquisas como essas nos levaram a criar recursos como notificações anônimas de conteúdo potencialmente ofensivo e avisos de comentários”, disse segundo a AP.

Além disso, afirmou que desde 2021 diminui conteúdo que possam incluir desinformação ou postagens com palavrões, discurso de ódio ou imagens sangrentas.

Via CNN

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