O ex-deputado norte-americano George Santos, filho de brasileiros, foi condenado nesta sexta-feira, 25, a mais de sete anos de prisão por fraude eletrônica e falsidade ideológica. Ele confessou os crimes.
Santos pediu clemência ao tribunal e disse que estava “humilhado” e “castigado”, ao admitir ter traído a confiança dos eleitores. “Ofereço minhas mais profundas desculpas”, afirmou. “Não posso reescrever o passado, mas posso controlar o caminho à frente.”
A juíza federal Joanna Seybert, no entanto, não se convenceu. “Onde está o seu remorso? Onde eu vejo isso?”, perguntou, ao condená-lo a 87 meses de prisão — sete anos e três meses. Ela afirmou que Santos parecia acreditar que “a culpa é sempre dos outros”.
Essa pena foi estipulada pelos promotores, que colocaram em dúvida o arrependimento de Santos e citaram postagens recentes em suas redes sociais em que ele se dizia vítima de perseguição por parte das autoridades.
O republicano de Nova York ficou pouco mais de um ano no Congresso antes de ser cassado, em 2023. Ele admitiu ter enganado doadores e roubado a identidade de quase uma dúzia de pessoas, inclusive familiares, para financiar sua campanha. Pelo acordo judicial, Santos terá de pagar cerca de US$ 580 mil em multas, além de cumprir sua pena.
O promotor Ryan Harris afirmou que algumas das vítimas eram “extremamente vulneráveis”, como uma mulher com danos cerebrais e dois idosos com demência. Ele também disse que, recentemente, Santos declarou que não pretende devolver o dinheiro às vítimas tão cedo.
George Santos é acusado de fraudar seguro-desemprego
“Acham que esse é um crime sem vítimas, porque envolve dinheiro, mas há muitas vítimas”, disse Roberta Reardon, comissária de Trabalho de Nova York. Ela também se apresentou como vítima no caso e afirmou que Santos recebeu seguro-desemprego enquanto trabalhava em uma empresa na Flórida.
A defesa pediu a pena mínima de dois anos por roubo de identidade. O advogado Andrew Mancilla descreveu Santos como alguém marcado por dificuldades. Segundo ele, o ex-deputado não tem antecedentes criminais, cresceu em um “lar desestruturado” e foi vítima de bullying durante a vida.
Mancilla afirmou que Santos “construiu o homem que queria ser, e não quem realmente era”, porque acreditava que o mundo não o aceitaria como ele era. Disse ainda que, no fundo, ele é uma pessoa “calorosa, gentil, cuidadosa e atenciosa”, mas reconheceu: “Hoje, todo mundo odeia George Santos”.
Santos foi eleito em 2022 ao garantir um distrito de Nova York para os republicanos, com áreas no Queens e em Long Island. Logo depois de tomar posse, descobriu-se que ele havia inventado boa parte da sua trajetória, inclusive falsas passagens por empresas de Wall Street e uma suposta fortuna em imóveis.
Na verdade, Santos tinha problemas financeiros e chegou a ser despejado. As revelações justificaram investigações criminais e parlamentares sobre como ele bancou a campanha. Perto do julgamento, passou a adotar um tom mais reflexivo nas redes sociais e agradeceu a apoiadores e críticos.
“Aprendi que, sendo de esquerda, direita ou centro, somos todos humanos e, na maioria das vezes, norte-americanos, e temos um superpoder que eu valorizo muito: a compaixão”, escreveu Santos na plataforma X na quinta-feira 24. Ele também mandou um recado para os críticos: “Vocês ajudaram a me tornar mais forte e a criar uma pele mais grossa”.
