quarta-feira, janeiro 22, 2025
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Ex-capitão do Bope fala sobre treinamento de guerrilha na Maré

Voltou a circular nas redes sociais o trecho de uma declaração de Rodrigo Pimentel, ex-capitão do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da Polícia Militar do Rio de Janeiro, sobre o aumento da criminalidade no Estado. Na ocasião, Pimentel comentou um treinamento de guerrilha entre criminosos no Complexo da Maré, na zona norte da capital fluminense.

A fala ocorreu durante entrevista ao podcast Molhando o Biscoito, em outubro de 2023.

“Um inquérito policial feito pela 21ª Delegacia Policial de Bonsucesso aponta mil bandidos tendo aula de técnicas de combate, tiros de guerrilha, de treinamento dentro da comunidade da Maré, onde as operações policiais estão proibidas pela Suprema Corte do Brasil, em função da ADPF [Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental] 635″, disse Pimentel. “Então, alguém deseja o caos no Rio de Janeiro.”

Pimentel se refere a uma investigação da Polícia Civil do Rio de Janeiro de 2023 que descobriu uma espécie de “escola preparatória” na Maré, onde vivem mais de 140 mil pessoas.

À época, o programa Fantástico, da TV Globo, obteve acesso, com exclusividade, ao material dessa apuração. Segundo a polícia, foi o maior levantamento já feito sobre a atuação de três grupos criminosos, de traficantes e de milicianos, que disputam o controle de territórios e de negócios lucrativos.

Os exercícios que preparam traficantes para a guerra aconteciam em um lugar que deveria ser um centro de lazer para a comunidade. No entanto, a quadra de futebol e a piscina — de uso exclusivo dos criminosos — serviam como campo de treinamento. Tudo isso ocorria ao lado de uma creche e cinco escolas.

Em uma das imagens capturadas pela polícia, dois instrutores ensinavam grupos de 15 a 20 homens, todos armados com fuzis. Os investigadores identificaram algumas práticas similares às que são aprendidas nas forças de segurança:

  • Rotina de exercícios físicos;
  • Técnicas de progressão em terrenos conflagrados;
  • Reação a emboscadas;
  • Deslocamento no escuro;
  • Simulação com explosões de bombas.

O Complexo da Maré é apontado como centro de distribuição de armas e drogas para outros pontos da cidade. As imagens obtidas pela polícia mostram vários pontos de venda e moradores que são obrigados a conviver silenciosamente com a violência.

“Eles que impõem a lei”, disse um morador à TV Globo, que não quis se identificar à época. “Toda semana é um morto.”

STF suspendeu operações na Maré e em outras favelas durante a pandemia

A ADPF 365, conhecida como ADPF das Favelas, determinava que não se realizassem operações policiais em comunidades do Rio de Janeiro durante a pandemia de covid-19, “salvo em hipóteses absolutamente excepcionais, que devem ser devidamente justificadas por escrito pela autoridade competente, com a comunicação imediata ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro responsável pelo controle externo da atividade policial”.

A arguição afirmava ainda que, “nos casos extraordinários de realização dessas operações durante a pandemia, sejam adotados cuidados excepcionais, devidamente identificados por escrito pela autoridade competente, para não colocar em risco ainda maior população, a prestação de serviços públicos sanitários e o desempenho de atividades de ajuda humanitária”.



Via Revista Oeste

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