Os Estados Unidos apreenderam o avião presidencial do ditador Nicolás Maduro na República Dominicana, argumentando que sua aquisição violava sanções econômicas impostas à Venezuela.
A aeronave foi levada para a Flórida nesta segunda-feira, 2, conforme informado por duas autoridades americanas ao canal CNN. Este incidente agrava ainda mais as relações já tensas entre os dois países.
O avião, comparado ao Air Force One americano, era usado por Maduro em visitas oficiais. Uma autoridade americana declarou à CNN que a ação “envia uma mensagem até o topo”.
“A apreensão de um avião de chefe de Estado estrangeiro é inédita em matéria penal, afirmou a fonte. “Estamos enviando aqui uma mensagem clara de que ninguém está acima da lei, ninguém está acima do alcance das sanções dos EUA.”
A CNN entrou em contato com o Departamento de Segurança Interna, o Departamento de Justiça e o Departamento de Estado para obter comentários. A situação na Venezuela tem repercussões na política dos EUA, com milhões de venezuelanos fugindo do país, muitos migrando para a fronteira entre os EUA e o México.
As autoridades americanas têm tentado há anos interromper o fluxo de recursos para o regime venezuelano, apreendendo diversos bens, incluindo veículos de luxo. Estimado em cerca de US$ 13 milhões, o avião esteve na República Dominicana nos últimos meses, o que proporcionou a oportunidade para sua apreensão.
Os próximos passos contra Maduro
Várias agências federais, como Investigações de Segurança Interna, Departamento de Indústria e Segurança e o Departamento de Justiça, participaram da operação, trabalhando em estreita colaboração com a República Dominicana, que informou a Venezuela sobre a apreensão.
O próximo passo será o confisco, permitindo ao governo venezuelano apresentar uma petição e reunir provas sobre a aeronave.
Recentemente, os EUA pressionaram o governo venezuelano a divulgar dados específicos sobre suas eleições presidenciais, citando preocupações com a credibilidade da vitória de Maduro.
No início do ano, os EUA reimpuseram sanções ao setor de petróleo e gás da Venezuela devido ao fracasso do governo Maduro em permitir “eleições inclusivas e competitivas”.
Histórico de tensões
Depois da controversa “reeleição” de Maduro em 28 de julho, a Venezuela suspendeu voos de ida e volta para República Dominicana. As agências federais, incluindo a HSI, monitoram há tempos o governo venezuelano por questões de corrupção, interrompendo receitas ilícitas do governo venezuelano no valor de US$ 2 bilhões nos últimos anos.
Em março de 2020, o Departamento de Justiça dos EUA acusou Maduro e outros 14 funcionários venezuelanos de narcoterrorismo, tráfico de drogas e corrupção. “Por mais de 20 anos, Maduro e vários colegas de alto escalão supostamente conspiraram com as Farc, fazendo com que toneladas de cocaína entrassem e devastassem as comunidades americanas”, afirmou o ex-procurador-geral William Barr.
O Departamento de Estado ofereceu uma recompensa de até US$ 15 milhões por informações que levem à prisão ou condenação de Maduro. Em 2017, dois sobrinhos da mulher de Maduro foram condenados a 18 anos de prisão por tentarem contrabandear até 800 quilos de cocaína para os EUA, sendo posteriormente libertados em uma troca de prisioneiros em 2022.
“Vemos essas autoridades e o regime de Maduro basicamente espoliando o povo venezuelano para seu próprio ganho”, destacou uma autoridade americana. “Há pessoas que não conseguem nem comprar um pão lá e depois temos o presidente da Venezuela viajando em um jato particular de alta classe”.
As condições econômicas precárias, a escassez de alimentos e o acesso limitado a cuidados de saúde levaram mais de 7,7 milhões de pessoas a fugir da Venezuela, resultando no maior deslocamento de pessoas no Hemisfério Ocidental.