sexta-feira, novembro 22, 2024
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Estudo traz novas descobertas sobre dipolo de rádio do Universo

Quando observamos o Universo a olho nu, estamos limitados a uma fração mínima de tudo o que ele abriga. Isso acontece porque nossos olhos só conseguem detectar a luz visível, uma pequena porção do espectro eletromagnético.

No entanto, há muitos outros tipos de radiação sendo emitidos por fenômenos cósmicos que nossos olhos não podem captar. Para driblar essa dificuldade, os astrônomos utilizam telescópios capazes de explorar esses outros comprimentos de onda, ampliando a nossa visão do cosmos.

Um desses instrumentos é o radiotelescópio MeerKAT, localizado na África do Sul, que permite aos cientistas estudar emissões de rádio vindas de estrelas, buracos negros e galáxias. Recentemente, uma equipe internacional de astrônomos, parte do projeto MALS (sigla em inglês para algo como “Levantamento da Linha de Absorção do MeerKAT”), utilizou um extenso catálogo de fontes de rádio capturadas por esse telescópio para medir um fenômeno conhecido como “dipolo de rádio cósmico”.

Mapa do céu sobreposto a uma parte de pontos únicos do MeerKAT contendo alguns milhares de fontes de rádio. Crédito: Equipe MALS
© Equipe MALS

As observações em rádio são particularmente úteis para os astrônomos, pois essas ondas viajam através do espaço de forma praticamente ininterrupta, fornecendo dados importantes sobre a estrutura em larga escala do Universo. 

Catálogo reúne cerca de um milhão de fontes de rádio do Universo

O levantamento MALS gerou um catálogo muito sensível com cerca de um milhão de fontes de rádio, coletado a partir de 391 pontos distintos no céu.

Em um comunicado, Neeraj Gupta, astrônomo do Centro Interuniversitário de Astronomia e Astrofísica (IUCAA) e líder do projeto MALS, destacou a importância do catálogo, afirmando que ele possui uma profundidade e abrangência únicas em comparação com outras pesquisas modernas de rádio.

O “dipolo de rádio cósmico” é causado pelo movimento do Sistema Solar no espaço, tanto em sua órbita em torno da Via Láctea quanto nas interações gravitacionais da nossa galáxia com outra. Esse efeito faz com que as fontes de rádio apareçam mais concentradas na direção em que o Sistema Solar está viajando e menos na direção oposta. 

Antenas da rede de radiotelescópios MeerKAT na região de Karoo, na África do Sul. Crédito: Observatório de Radioastronomia da África do Sul
© SARAO

Teoricamente, a magnitude desse fenômeno está diretamente relacionada à velocidade do Sistema Solar. No entanto, medições anteriores indicaram que o efeito parecia muito mais intenso do que o esperado.

Essa discrepância gerou questionamentos entre os astrônomos, sugerindo que o dipolo poderia ser influenciado por outras fontes de rádio no caminho do Sistema Solar. As novas medições feitas pelo projeto MALS estão alinhadas com as previsões baseadas nos atuais cálculos do movimento do Sistema Solar, ajudando a esclarecer a questão.

Jonah Wagenveld, do Instituto Max Planck de Radioastronomia (MPIfR), na Alemanha, e autor principal do estudo, destacou a importância dessas medições. “Medir o dipolo é um teste extremamente importante da cosmologia e pode nos dizer se nossas suposições fundamentais sobre a estrutura do Universo estão corretas”.

Publicado na revista Astronomy & Astrophysics, o estudo demonstra o potencial da radioastronomia para testar nossas teorias sobre a estrutura do Universo em grande escala.

Via Olhar Digital

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