Um estudo desenvolvido por pesquisadores da Unesp (Universidade Estadual Paulista) apontou que as narrativas audiovisuais que simulam cenários de bullying homofóbico dentro das escolas podem ajudar gerar reflexões sobre preconceitos sociais. Esse é um fator que contribuiria para a promoção do respeito e da inclusão.
O artigo é assinado pelos professores Emerson Vicente-Cruz, Omar Saldaña, Guillermo Valverde e Leonardo Lemos de Souza e foi publicado no Journal of School Violence. A pesquisa foi conduzida em três diferentes etapas. Na primeira, foram realizadas 178 entrevistas individuais e 45 grupos focais com adolescentes. Nelas, os participantes foram expostos a vídeos curtos, que foram criados especificamente para simular cenários de bullying homofóbico.
As reações foram discutidas, o que gerou um diálogo sobre experiências e compreensão de diferentes formas de solucionar os conflitos, além de uma classificação detalhada das estratégias de enfrentamento utilizadas em situações de assédio escolar. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o bullying homofóbico afeta até 85% dos estudantes LGBTQIA+ em determinados países.
Já na segunda etapa, foi realizado um painel internacional que contou com a participação de 25 especialistas. Na lista, estavam acadêmicos e profissionais de diversas localidades, que revisaram e validaram a classificação de estratégias de enfrentamento, chegando a um consenso sobre uma definição operacional de cada uma.
Na terceira etapa, ainda em fase de análise, foram feitas entrevistas individuais e grupais com 38 sobreviventes de bullying homofóbico de diferentes países. O objetivo era incorporar as vozes e experiências, aprimorando a classificação proposta.
A partir das sessões, foram identificados três grupos de estratégias utilizadas pelos jovens em situações de bullying homofóbico: evitação e condutas autodestrutivas, que englobam comportamentos de autoagressão e isolamento social em resposta à violência; sobrevivência à estrutura homofóbica, que pode implicar na negação da própria identidade; e apoio social e promoção de práticas igualitárias, em que os jovens buscam ajuda, solidariedade e ações que favoreçam a inclusão.