A disputa entre apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas redes sociais aumentou nos últimos meses e tem chegado perto de patamares do período eleitoral. É o que aponta um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro para Regulamentação da Inteligência Artificial (IRIA), em parceria com a Zeeng — plataforma de monitoramento virtual.
“Nos últimos meses, observou-se um aumento significativo na polarização e um crescimento consistente na tensão política entre os grupos de esquerda e direita no Brasil. Eventos políticos e sociais têm alimentado essa divisão, sobretudo nas redes sociais, gerando debates acalorados e uma maior fragmentação da sociedade em termos ideológicos”, diz o estudo.
A análise levou em consideração as interações e postagens no Facebook, Instagram e YouTube do início deste ano até o dia 10 de março.
Em se tratando de “ativo social”, que é a soma do número de seguidores nas três redes, considerando as perdas, Bolsonaro teve um acréscimo de 245 mil novos perfis em suas contas. Lula perdeu 38,8 mil.
Quanto ao volume de postagens realizadas, o atual presidente foi mais ativo no período, somando 66% das publicações. No entanto, Bolsonaro alcançou maior engajamento, atingindo picos de 372.136 interações em postagens no Instagram, enquanto o recorde de Lula na mesma rede foi de 55.996.
Quanto ao conteúdo que gerou esses impulsionamentos, o ex-presidente teve mais visibilidade em publicações ligadas ao ato do dia 25 de fevereiro na Avenida Paulista, em São Paulo, em que apresentou defesa sobre denúncias de que é alvo. Outro ponto de ápice foram os posts sobre a crise diplomática entre Brasil e Israel.
Já Lula tem focado em publicações sobre agendas oficiais e momentos pessoais, como uma foto em que aparece tomando banho de mar na Restinga de Marambaia, no Rio de Janeiro. Na ocasião, o presidente escreveu: “Reencontro com o mar para começar 2024 com muita energia para rodar o Brasil”.
“Um fenômeno interessante observado durante a análise foi a polarização mais acentuada em determinadas regiões do país, com destaque para o estado do Paraná, onde a polarização política é mais acirrada do que em outros Estados da Federação”, assinala o material.
De acordo com o coordenador da pesquisa, o cientista social Marcelo Senise, uma explicação para o fato de a polarização estar maior no Paraná, “se deve à disputa entre direita e esquerda pela possível vaga no Senado a ser aberta com a partir de eventual cassação do mandato de Sérgio Moro (União Brasil)”.
Em abril, o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) julga ação apresentada pelo PL e pelo PT contra o senador por abuso de poder econômico no período pré-eleitoral.
“Diante desse contexto, fica evidente a necessidade de uma compreensão mais profunda das dinâmicas digitais e políticas para a construção de uma sociedade mais inclusiva e democrática. A polarização política não apenas influencia o debate público, mas também molda a percepção da realidade e afeta o processo decisório”, completa Senise.
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