Uma estrela morta marcada por detritos planetários foi descoberta por astrônomos. A cicatriz de metal apareceu na superfície de uma anã branca que se comporta como uma espécie de zumbi cósmico, consumindo planetas ao seu redor.
O que foi descoberto
- A cicatriz na superfície da anã branca, apelidada de WD 0816-310, foi detectada por uma equipe de astrônomos na região desértica do Atacama, norte do Chile.
- A equipe usou o VLT (Very Large Telescope) para descobrir as origens da cicatriz de metal da estrela, que tem aproximadamente o tamanho da Terra e uma massa próxima à do Sol.
- O VLT é uma instalação do European Southern Observatory (ESO) equipada com o maior conjunto de telescópios ópticos do mundo em uma única localização.
- A descoberta é a primeira de um anã branca com cicatriz, originada pela “ingestão” de planetas e asteroides.
- As informações são do Space.
É bem-sabido que algumas anãs brancas estão canibalizando pedaços dos seus sistemas planetários. Agora descobrimos que o campo magnético da estrela desempenha um papel fundamental neste processo, resultando numa cicatriz na superfície
Stefano Bagnulo, líder da equipe de astrônomos, em comunicado oficial
De onde veio a cicatriz de metal?
Segundo Jay Farihi, membro da equipe e Professor da University College London (UCL), a marca de metal se originou de um fragmento planetário com cerca de 500 quilômetros de diâmetro, tamanho que corresponde ao segundo maior asteroide já visto no nosso Sistema Solar.
Como nascem as estrelas anãs brancas?
- As anãs brancas nascem quando esgotam o suprimento de combustível necessário para a fusão nuclear acontecer nos núcleos.
- À medida que este processo termina, o mesmo acontece com a energia que tem sustentado cada estrela contra o impulso da sua própria gravidade durante milhões de anos.
- Isso resulta no colapso do núcleo estelar. As camadas externas, onde a fusão nuclear ocorre, “incham” dezenas ou centenas de vezes a largura original, iniciando a fase de gigante vermelha da vida de uma estrela.
- A fase de gigante vermelha tem vida curta, já que as camadas externas continuando a esfriar e se dispersar.
- O processo deixa para trás uma nebulosa de gás e poeira que cercava o núcleo, que agora se transformou em uma anã branca.
Estas anãs brancas podem então agregar mais corpos nos seus sistemas, como planetas e asteroides próximos não destruídos na fase de gigante vermelha. Os astrônomos inclusive já observaram anãs brancas poluídas por metais, algo que ocorre quando os corpos se aproximam demais das estrelas mortas.
A nova observação, entretanto, é diferente. O material agregado parece ter se concentrado em apenas uma região, como se fosse uma cicatriz, em vez de aparecer disperso pela superfície da estrela. Além disso, as alterações estão sincronizadas com o campo magnético da estrela WD 0816-310, o que sugere que a sua cicatriz metálica fica em um dos polos.
Esta cicatriz é uma mancha concentrada de material planetário mantida no lugar pelo mesmo campo magnético que guiou os fragmentos em queda. Nada assim foi visto antes.
John Landstreet, membro da equipe e professor da Western University, em comunicado
Para chegar a estas conclusões, os astrônomos utilizaram um instrumento chamado Redutor Focal/Espectrógrafo de Baixa Dispersão (ou FORS2, na sigla em inglês). Conhecido como “o canivete suíço” da astronomia, ele permitiu não só observar a anã branca, mas também medir o seu campo magnético. Foi isso que levou às pistas de que a estrela tinha uma cicatriz.
A pesquisa foi publicada na Astrophysical Journal Letters.