O estado de saúde do primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, é grave e estável. Ele passou por uma longa cirurgia após sofrer um atentado nesta quarta-feira, 15. O boletim médico foi atualizado pelo vice-primeiro-ministro, Tomas Taraba, que declarou à rede inglesa BBC: “Acredito que, no final, ele vai sobreviver”.
A diretora do Hospital Universitário F. D. Roosevelt, Miriam Lapunikova, da cidade de Banská Bystrica, onde Fico está internado, revelou em uma coletiva de imprensa que o estado de saúde do premiê “é realmente muito sério”.
Quem é Fico
Aos 59 anos, Fico ocupa um papel central na política eslovaca, tendo retornado ao poder no ano passado em eleições que resultaram em uma administração pró-Rússia, em contraste com as expectativas de apoio à Ucrânia.
Segundo o governo, o atentado ocorrido após uma reunião na pequena cidade de Handlová, teria motivação política. Os suspeito foi detido na cena do crime.
Fico, que está em seu quarto mandato e é o político que mais tempo serviu como primeiro-ministro desde a independência do país há trinta anos, inicialmente tinha uma postura de esquerda, mas gradualmente adotou posições mais à direita. O que, segundo seus apoiadores, poderia ser a motivação do crime.
O político eslovaco adotou críticas à União Europeia e se aproximou de líderes como Vladimir Putin, da Rússia, e Viktor Orbán, da Hungria.
Sob sua liderança, a Eslováquia, que foi o primeiro país a enviar mísseis de defesa aérea e caças para a Ucrânia, passou a se opor ao envio de armas para Kiev, o que causou descontentamento na União Europeia.
Mudança política
O retorno de Fico ao poder foi marcado por uma retórica pró-Rússia, refletida em uma pesquisa que apontou que 51% da população eslovaca culpava a Ucrânia e o Ocidente pela guerra.
Após sua eleição, ele interrompeu imediatamente o envio de armas para o país de Volodymir Zelensky e introduziu reformas internas controversas, entre elas mudanças no código penal, a eliminação da promotoria especial anticorrupção e maior controle sobre a mídia pública.
O premiê também tem como alvos frequentes a imigração, ONGs e direitos da comunidade LGBT.
Antes de seu retorno em 2023, Fico havia sido primeiro-ministro da Eslováquia em três períodos: de 2006 a 2010; de 2012 a 2018. Ele nasceu na antiga Checoslováquia e, com formação em direito, iniciou sua carreira política no Partido Comunista antes de fundar o Direção – Social-Democracia (Smer, sigla eslovaca) no final dos anos 1990.
Em 2006, venceu as eleições com uma vitória esmagadora, destacando-se por resistir às medidas de austeridade durante a crise financeira de 2008 e promovendo reformas trabalhistas.
Controvérsias
Depois de ser derrotado na eleição seguinte, ele voltou ao poder em 2012, após a queda de uma coalizão de centro-direita acusada de corrupção.
Em 2015, durante a crise migratória, Fico adotou uma política linha-dura contra refugiados e se opôs às cotas da União Europeia para divisão de refugiados.
Reelegeu-se em 2016, mas renunciou em 2018 após protestos decorrentes do assassinato do jornalista Ján Kuciak, que investigava corrupção, e sua noiva Martina Kusnirova.
Contra o lockdown
Durante a pandemia, Fico obteve um novo impulso político ao se posicionar contra as medidas restritivas. O premiê apareceu sem máscara em manifestações. Este movimento pavimentou seu caminho de volta ao poder, com foco na questão ucraniana.
Relembre o Atentado
Nesta quarta-feira, Fico foi atingido por disparos e levado de helicóptero ao hospital em estado grave, após uma reunião de governo na pequena cidade de Handlová, região central do país a 190 km da capital, Bratislava.
Um suspeito, identificado pela imprensa local como um escritor de 71 anos, foi preso no local.
O governo classificou o ataque como politicamente motivado. “A tentativa de assassinato foi politicamente motivada e o suspeito tomou a decisão de agir logo após a eleição presidencial”, afirmou o ministro do interior Matus Sutaj Estok.