No dia 14 deste mês, muita lava saíram do sistema vulcânico Sundhnúkur, no sudoeste da Islândia. Essa lava toda vem atravessando ruas e está saindo de nova fissura que invadiu a periferia da cidade litorânea de Grindavík, onde, em dezembro do ano passado, outro vulcão próximo ao município entrou em erupção.
Perto do local da destruição, maquinários de construção, como tratores, que estavam sendo usados para construir grandes barragens e bermas de terra há semanas, precisaram recuar.
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Essa é uma das tentativas que os seres humanos usam há tempos visando brecar o avanço da lava. Outras ferramentas são o congelamento da lava a partir de seu esfriamento com água do mar e o uso de explosivos para interromper seu fornecimento de suprimento.
Segundo Loÿc Vanderkluysen, professor associado de Ciências Terrestres na Universidade de Drexel, em artigo publicado no The Conversation, é cedo para afirmar se a terraplanagem da Islândia vai funcionar para salvar Grindavík, cidade com cerca de 3,5 mil habitantes, bem como uma planta de energia geotérmica que fica próxima do município.
Lava: inimiga cruel do ser humano
- A lava é um fluido viscoso, que “caminha” lentamente e se comporta como alcatrão;
- Assim como (quase) tudo na Terra, se sujeita à gravidade. Portanto, assim como outros fluidos, ela desce encosta abaixo ao longo de caminho de descida mais íngreme;
- Sua temperatura passa bastante de 1.000 °C, o tornando praticamente impossível de pará-la;
- Em 1973, islandeses tentaram o experimento mais famoso de congelamento de lava de que se tem notícia;
- Eles usaram mangueiras com água de flotilha de pequenos barcos e embarcações de pesca para proteger Heimaey, pequena comunidade, da lava advinda do vulcão Eldfell;
- O fluxo ameaçou fechar o porto, fundamental para a indústria pesqueira da região e auxiliador para o continente;
- Contudo, a erupção terminou antes mesmo que o sucesso da estratégia pudesse ser analisado. Além disso, o porto passou pela experiência intacto.
E os explosivos?
Em 1935 e 1942, havaianos experimentaram o uso de explosivos jogados por aviões como alternativa para frear o fluxo de lava que vinha do famoso vulcão Mauna Loa e que ameaçava a cidade de Hilo.
A intenção era interromper os canais de lava no vulcão que enviavam lava para a superfície. Nenhuma das duas tentativas funcionou. As explosões criaram novos canais, mas, logo, os novos fluxos de lava que se formaram se uniram ao original.
Já entre as tentativas mais recentes da humanidade está a construção de barragens ou valas para desviar o caminho da lava por caminho diferente de descida mais íngreme, conceito similar ao de uma bacia hidrográfica, porém, a lava fluiria naturalmente.
Os resultados, contudo, foram variados. Mas o desvio pode funcionar se o fluxo de lava puder ser claramente dividido em área distinta, onde a lava poderia fluir naturalmente, sem ameaçar nenhuma outra comunidade durante a tentativa.
Apesar dos resultados diversos, essa estratégia já falhou várias vezes. Barragens construidas na Itália para parar as lavas do Etna em 1992, por exemplo, retardaram o fluxo, mas a lava acabou ultrapassando cada uma dessas barreiras, no fim.
Esforços das autoridades islandesas
Os moradores de Grindavík estão fora de suas casas desde novembro de 2023, quando o primeiro sinal de alerta de erupção do vulcão, que se tornou ativo em dezembro, foi dado.
Pouco tempo depois, a construção das barreiras protetivas na cidade e em algumas construções críticas próximas ao município começou. A estação de energia geotérmica Svartsengi estava no cronograma de proteção.
Porém, a obra foi paralisada no meio de dezembro, quando a primeira erupção ocorreu, tendo sido retomada neste mês. Os trabalhos foram realizados até a nova erupção, em 14 de janeiro.
Resultados são imprevisíveis
Desviar a lava naquela região é difícil, alerta o professor. Em parte, por conta da terra que circunda Grindavík ser relativamente plana. Isso dificulta a identificação de um caminho alternativo de descida mais íngreme para redirecionar a lava.
No dia 15 deste mês, as autoridades locais informara que a maioria da lava advinda da fissura principal fluiu ao longo do lado externo da barreira, contudo, uma nova fissura se abriu dentro do perímetro, enviando lava aos arredores. Desta forma, infelizmente, afirma Vanderkluysen, Grindavík segue em risco.