A Federação Paulista de Futebol (FPF) tomou uma decisão drástica ao proibir a Mancha Verde, principal torcida organizada do Palmeiras, de frequentar estádios no estado de São Paulo por tempo indeterminado.
A medida foi adotada após uma emboscada envolvendo integrantes da Mancha Verde contra torcedores do Cruzeiro, que resultou em uma morte e 17 feridos.
Além da proibição, a polícia de São Paulo solicitou a prisão do presidente da Mancha Verde, Jorge Luis Sampaio Santos, do vice-presidente Felipe Matos dos Santos, e de outros quatro torcedores. A defesa de Jorge Luis informou à CNN que, até o momento, não teve acesso ao inquérito.
O especialista em direito esportivo Andrei Kampff explicou em entrevista ao CNN Arena desta quarta-feira (30) como essas punições funcionam na prática: “Quando falamos de combate à violência, precisamos entender que esse combate é plural. Ele precisa ser feito por dois movimentos independentes: o Estado, com sua responsabilidade pela segurança da sociedade, e outro dentro do movimento privado do esporte”.
Quanto à possibilidade de o Palmeiras ser penalizado com perda de pontos, Kampff considera um caminho difícil.
Ele argumenta que o incidente ocorreu longe do ambiente esportivo e não há fundamento legal para punir o clube em âmbito esportivo por esse ataque da torcida organizada.
“Não foi dentro ou no entorno do estádio, não ocorreu durante ou após uma partida em que o Palmeiras esteve envolvido, e não há uma ação ou omissão do clube nesse caso”, explicou o especialista.
Kampff conclui que é necessário um debate mais amplo sobre a responsabilidade do movimento privado do esporte no combate à violência, sugerindo inclusive a possibilidade de paralisar o Campeonato Brasileiro por uma rodada para promover uma reflexão envolvendo todos os atores da comunidade esportiva.
Kampff ressaltou que a ação da Federação Paulista está dentro da competência do esporte, amparada inclusive pela Constituição no artigo 217.
“O esporte se manifesta e age dentro dos seus limites para o combate à violência, para tentar tornar o ambiente esportivo um pouco mais saudável”, afirmou.
O especialista também destacou que, uma vez identificados os agressores, o movimento esportivo tem a obrigação de bani-los do ambiente esportivo, impedindo que sejam sócios de clubes ou frequentem estádios de futebol.