Um novo estudo aponta que a Antártida era completamente diferente no passado em relação ao que conhecemos hoje. Segundo pesquisadores, há cerca de 40 milhões de anos atrás, a região era, inclusive, navegável.
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Reescrevendo a história da Antártida
- Os cientistas explicam que em meados do período geológico do Eoceno (de 44 milhões a 34 milhões de anos atrás) grandes partes da Antártida estavam completamente livres de gelo.
- Sedimentos do Mar de Amundsen foram transportados até a cordilheira que atravessa o continente, revelando que não havia mar interior.
- Grandes correntes oceânicas foram responsáveis por levar água quente da região equatorial até locais distantes.
- Isso ocorreu antes que a formação da Corrente Circumpolar Antártica bloqueasse essa passagem.
- Para saber como a Antártida era neste passado distante seria necessário realizar perfurações de grandes proporções.
- Mas pesquisadores da Universidade de Bremen, na Alemanha, encontraram uma alternativa: perfurar sedimentos ao redor da costa usando um quebra-gelo.
Enorme rio navegável existiu no passado
No Mar de Amundsen, por exemplo, a equipe encontrou de 17 a 24 metros de sedimentos compostos por minerais que não correspondem aos da vizinha Antártida Ocidental. Análises comprovaram que este materiais vieram das Montanhas Transantárticas, que dividem a Antártida Oriental e Ocidental.
A conclusão do estudo, publicado na revista Science Advances, é que para que os minerais tenham chegado na região no Eoceno, eles devem ter sido carregados por um rio de 1.500 quilômetros de comprimento, ou mais. Os detritos teriam sido depositados em um delta pantanoso do rio.
De acordo com os pesquisadores, “a existência de tal sistema fluvial transcontinental mostra que, ao contrário de hoje, grandes partes da Antártida Ocidental devem ter sido localizadas acima do nível do mar como extensas planícies costeiras”.
A deposição de sedimentos pode ter sido interrompida há 34 milhões de anos pelo início da glaciação permanente. Em função da erosão que ocorreu neste enorme período de tempo, é impossível que o rio retorne em caso de derretimento generalizado de gelo, explicam os cientistas.