A afegã Zakia Khudadadi completou uma jornada notável e se tornou a primeira atleta da equipe de refugiados a ganhar uma medalha nos Jogos Paralímpicos ao conquistar o bronze no taekwondo nesta quinta-feira (29).
Khudadadi, que estreou nas Paralimpíadas em Tóquio 2020 dias após ser expulsa da cidade de Cabul controlada pelo Talibã, garantiu um lugar no pódio quando a oponente desistiu antes da luta pela medalha de bronze na categoria K44 até 47kg.
“Estou muito, muito, muito feliz porque esta medalha é o meu sonho e hoje estou aqui e estou ganhando uma medalha de bronze e vou continuar até Los Angeles. Estou muito animada para aproveitar esta medalha com a minha família que está aqui e por todos os refugiados em Paris e no mundo. Vou continuar com meu taekwondo”, celebrou.
A jovem de 25 anos, que recebeu asilo da França, foi aplaudida como uma moradora local durante todo o dia pela multidão do Grand Palais e pela treinadora, Haby Niare, que conquistou a medalha de prata no taekwondo na Olimpíada do Rio em 2016.
“Estou muito, muito feliz, estou muito, muito orgulhosa de mim mesma, da minha família, de todo o time francês e da minha treinadora. Minha treinadora é excepcional, é por causa dela que ganhei a medalha de bronze. Estou muito, muito orgulhosa de todos os franceses que estão aqui neste local, que me ajudaram, que me incentivaram. Não foi só sobre mim como mulher, foi por mim, por todas as mulheres do meu país, por todos os refugiados em Paris, todos nós ganhamos esta medalha de bronze”, disse.
As restrições do Talibã às mulheres e à liberdade de expressão atraíram duras críticas de grupos de direitos humanos e de muitos governos estrangeiros desde que os antigos insurgentes retomaram o controle do Afeganistão em 2021.
As capitais ocidentais, lideradas por Washington, disseram que o caminho para o reconhecimento formal do Talibã está em grande parte estagnado até que eles revertam o rumo dos direitos das mulheres e abram escolas de ensino médio para meninas.
O Talibã diz que respeita os direitos das mulheres de acordo com a própria interpretação da lei islâmica e dos costumes locais e que são questões internas que devem ser tratadas localmente.
“Só uma mensagem para todas as mulheres, homens do mundo, para todos os refugiados, nós venceremos um dia pela paz, pela liberdade e por tudo no mundo e no meu país, o Afeganistão. E eu estou assim, de dedos cruzados, pelas mulheres do meu país. Nós, juntas, venceremos um dia, tenho certeza. E eu continuo pelas mulheres do meu país”, completou Zakia Khudadadi.
Produção: Sophie Penney