sexta-feira, novembro 22, 2024
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Entidades judaicas lembram os 30 anos do atentado na Amia

Um ato em memória das vítimas do atendado na Associação Mutual israelita Argentina (Amia), em Buenos Aires, será realizado nesta quinta-feira (24), na capital paulista, pela Confederação Israelita do Brasil (CONIB) e Federação Israelita do Estado de São Paulo (FISESP), entidades que representam a comunidade judaica brasileira.

O atentado terrorista, ocorrido em 18 de julho de 1994, foi o maior já registrado na América Latina. Causou 85 mortes e deixou mais de 300 pessoas feridas.

“O terrorismo muitas vezes parece um assunto distante do Brasil”, afirma a Oeste Cláudio Lottenberg, presidente da Conib. “Mas o atentado contra a Amia, patrocinado pelo Irã e pelo Hizbollah, mostrou como ele pode atingir a nossa região.”

O dirigente lembrou de acontecimentos recentes, em que acusados de envolvimento com grupos terroristas foram detidos no Brasil.

“Nos últimos meses, inclusive, as autoridades brasileiras prenderam pessoas ligadas a esses grupos que estavam planejando ações no Brasil”, afirmou Lottenberg. “Por isso precisamos lembrar sempre do que ocorreu na Amia. E aplaudir a decisão da Argentina que passou a denominar o Hamas como uma organização terrorista.”

Na última sexta-feira, 12, governo do presidente Javier Milei declarou o Hamas como grupo terrorista. Antes, em decisão inédita, em abril de 2024, a justiça argentina responsabilizou o Irã pelo atentado na Amia e pelos ataques à embaixada israelense, em 17 de março de 1992, quando morreram 29 pessoas e 242 se feriram.

No documento, a Câmara Federal de Cassação Penal da Argentina, órgão de mais alta instância criminal do país, declarou que as duas ações criminosas foram “resultado de decisões políticas e estratégicas do Irã, executados por terroristas do Hezbollah”.

Na decisão, o Irã é classificado como “Estado terrorista” e os atentados, como crimes contra a humanidade. Até o momento, no entanto, ninguém foi julgado. O governo iraniano nega a participação nos ataques.

Estado argentino também foi responsabilizado

Em junho, a Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) declarou que a própria Argentina foi responsável por falhas na prevenção e na investigação do atentado. Para o Tribunal, o Estado argentino não adotou medidas para prevenir o ocorrido.

A corte também afirmou que a nação deixou de cumprir com seu dever de investigar o ataque. Acusou, ainda, a ocorrência de encobrimento por parte de autoridades, sem ter havido a diligência devida, em prazo razoável.

Na época do atentado à Amia, o presidente da Argentina era Carlos Menem (1989-1999). A ele se seguiram Fernando de la Rúa (1999-2001), Ramon Puerta (2001), Adolpho Rodriguez Saá (2001), Eduardo Camaño (dezembro de 2001-janeiro de 2002), Eduardo Duhalde (2002-2003), Néstor Kirchner (2003-2007), Cristina Kirchner (2007-2015), Maurício Macri (2015-2019) e Alberto Fernández (2019-2023).

Em 18 de janeiro de 2015, o promotor argentino Alberto Nisman foi morto na véspera de realizar uma denúncia relativa a este atentado, que ele investigava. Ele acusava autoridades, entre elas Cristina Kirchner, de acobertarem os iranianos envolvidos no ato.

Nisman afirmou na ocasião que o objetivo de Cristina, era “aproximar-se geopoliticamente da República Islâmica do Irã e restabelecer relações comerciais plenas de Estado a Estado para aliviar a grave crise energética argentina, mediante a troca de petróleo por cereais”. A ex-presidente Cristina Kirchner sempre negou qualquer envolvimento e garantiu que a acusação contra ela foi uma conspiração.

Via Revista Oeste

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