sexta-feira, novembro 22, 2024
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Enchentes e secas mais que dobraram nos últimos dez anos

Um levantamento realizado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB) aponta que casos extremos como os registrados no Rio Grande do Sul fazem parte de uma nova realidade brasileira. Recordes de enchentes e secas foram bem mais comuns nos últimos dez anos do que em períodos anteriores.

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Visão aérea de enchente em cidade no Rio Grande do Sul (Imagem: Gustavo Mansur/Palácio Piratini)

Números sem precedentes

Segundo o estudo, encomendado pela Folha de São Paulo, a quantidade de recordes de cheias sofreu um aumento expressivo. De 2014 a 2023, foram 314, contra 182 nos dez anos anteriores. Já os casos de secas contabilizaram 406 até ano passado, mais do que quatro vezes a soma da década anterior, de 92.

O Serviço Geológico do Brasil destaca que o número de estações de monitoramento dos fenômenos climáticos permaneceu estável nos últimos 50 anos no Brasil, o que garante uma comparação justa entre os períodos.

Para os pesquisadores, o resultado é mais uma prova de que as mudanças climáticas estão provocando uma alteração nos regimes de chuvas do país, com precipitações mais intensas e períodos mais longos de estiagem.

Além de um maior número de picos de enchente e de secas, os dez últimos anos ficaram marcados por quebras consecutivas desses recordes. Os rios Taquari e Caí, no Rio Grande do Sul, por exemplo, bateram os três maiores níveis de cheia nos dois últimos anos.

Em Uruguaiana, também no estado gaúcho, o rio Uruguai teve uma de suas seis maiores cheias neste ano. No ano passado e em 2017 o rio também alcançou dois de seus maiores índices. O RS também teve uma estiagem recorde em 2021.

A situação se repete em outras regiões do Brasil. A maior cheia do rio Amazonas foi em 2021 e seis das suas dez maiores cheias foram nos últimos dez anos. O rio teve sua pior seca em 2023.

O rio Branco, que banha e dá nome à capital do Acre, registrou suas duas maiores cheias em 2023 e 2024. O Madeira, que em Porto Velho (RO), apresentou sua pior seca em 2023 e seis dos maiores recordes de baixa vazão nos últimos dez anos.

Segundo especialistas, este grande número de ocorrências recordes indica que os fenômenos fogem dos modelos climáticos tradicionais. Por isso, é necessário o desenvolvimento de novas equações meteorológicas.

Área do aeroporto de Porto Alegre ficou completamente alagado (Imagem: Mauricio Tonetto/Secom RS)

Tragédia climática no Rio Grande do Sul

  • De acordo com o mais recente balanço da Defesa Civil, são 172 mortes confirmadas pelas fortes chuvas e enchentes que atingem o estado gaúcho.
  • São 42 pessoas desaparecidas, mais de 380 mil desalojadas e aproximadamente 37 mil em abrigos.
  • A tragédia climática causou impactos severos em 475 dos 497 municípios gaúchos, afetando diretamente mais de dois milhões de pessoas.
  • O lago Guaíba atingiu o maior nível da história, passando dos 5 metros e 30 centímetros.
  • Um dos pontos mais críticos em Porto Alegre é o Aeroporto Internacional Salgado Filho, que anunciou a suspensão de todas as operações até o final de agosto.
  • Em 2023, uma série de desastres climáticos causou uma verdadeira devastação no Rio Grande do Sul.
  • Foram registradas 16 mortes em junho, 54 em setembro e outras 5 em novembro.

Via Olhar Digital

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