quarta-feira, outubro 2, 2024
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Empresa de Musk, Starlink leva internet a aldeia indígena na Amazônia

Desde a chegada da empresa de tecnologia Starlink em 2022, a maior floresta tropical do mundo começou a acessar a internet de alta velocidade. No Brasil, existem 66 mil contratos ativos na Amazônia, abrangendo 93% dos municípios legais da região — incluindo aldeias indígenas.

O dono da Starlink, Elon Musk, levou a conectividade ao povo da aldeia marubo. Eles residem às margens do Rio Ituí, no coração da Floresta Amazônica, preservando sua cultura e tradições por séculos. Falam a própria língua, fazem ayahuasca para rituais espirituais e caçam macacos-aranha.

Em setembro, a aldeia marubo, de 2 mil membros, começou a usar a internet via satélite da Starlink, trazendo grandes mudanças. “Quando chegou, todos ficaram felizes”, disse Tsainama Marubo, de 73 anos. A internet possibilitou vídeochamadas e pedidos de ajuda em emergências.

No entanto, Tsainama observou mudanças negativas: “Os jovens ficaram preguiçosos por causa da internet”. Eles perderam interesse em fazer tintas e joias tradicionais. Apesar disso, ela pediu: “Mas, por favor, não tirem nossa internet”. As informações são do jornal The New York Times.

Depois de nove meses com a Starlink, a aldeia do povo marubo enfrenta desafios comuns em lares modernos: adolescentes viciados em redes sociais, desinformação e jogos violentos. Para lidar com isso, os líderes limitaram o uso da internet a horários específicos.

Enoque Marubo destacou o benefício em emergências: “Já salvou vidas”. Antes, usavam radioamador para solicitar ajuda, e agora o contato é instantâneo.

parte da aldeia marubo
Depois da chegada da Starlink, mais de 200 marubos se reuniram em uma aldeia para debater a conectividade entre os indígenas | Foto: Reprodução/Apib

Debate interno e impactos culturais

Em abril, mais de 200 marubos se reuniram para discutir o impacto da internet. TamaSay Marubo, a primeira líder mulher do local, disse: “Alguns jovens mantêm nossas tradições. Outros só querem passar a tarde inteira em seus celulares”.

Alfredo Marubo, crítico da internet, expressou preocupação com a perda de conhecimento cultural: “Todos estão tão conectados que às vezes nem falam com sua própria família”. Ele também mencionou o aumento de comportamentos sexuais agressivos entre os jovens.

Grupo quer levar Starlink para outras aldeiras

Flora Dutra planeja levar a Starlink a outras tribos, incluindo os ianomâmis. Ela e Enoque Marubo pretendem fornecer treinamento sobre o uso seguro da internet, embora nenhum marubo entrevistado tenha recebido treinamento. Em abril, Allyson Reneau comprou mais quatro antenas para outras aldeias.

Para Flora, os indígenas querem e merecem conexão com a internet. Sobre possíveis críticas, disse que faz parte de uma longa tradição de estrangeiros que falam aos indígenas como devem viver.

“Isso se chama etnocentrismo, que é o homem branco pensando que sabe o que é melhor”, argumentou Flora Dutra.

Via Revista Oeste

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