O ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, designou a embaixadora Fulvia Castro, expulsa pelo governo brasileiro na quinta-feira 8, para o cargo de ministra, informou a Folha de S.Paulo. Membros do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) interpretaram essa decisão como uma provocação.
O Itamaraty havia ordenado a expulsão de Fulvia Castro, em retaliação à exigência de Ortega para que o embaixador do Brasil em Manágua, Breno de Souza da Costa, deixasse o país. Costa foi expulso na Nicarágua na quarta-feira 7.
Rosario Murillo, mulher de Ortega e vice-presidente da Nicarágua, anunciou na quinta-feira que Fulvia Castro assumirá o cargo de ministra da Economia Familiar.
“Fulvia Castro está a caminho de nossa Nicarágua, onde atuará como ministra da Economia Familiar depois de sua chegada e assim que a nomeação oficial for formalizada por nosso presidente”, declarou Murillo.
Ortega decidiu retaliar o governo brasileiro devido à tentativa secreta do Brasil de mediar a crise na Nicarágua e buscar uma solução política. A expulsão do embaixador Breno de Souza da Costa frustrou os planos de transição política articulados pelo governo brasileiro.
Negativa do ditador Daniel Ortega de liberar bispo preso por motivos políticos
O Brasil se colocou no papel de mediador entre o Vaticano e Manágua. A reivindicação era para que a Nicarágua libertasse bispos presos no país desde 2022. A decisão de romper com o governo nicaraguense ocorreu depois que Ortega negou a soltura do bispo católico Rolando Álvarez, um dos principais críticos da gestão do ditador.
Já a decisão da Nicarágua de expulsar o diplomata brasileiro foi tomada, formalmente, por causa da ausência do Brasil nas celebrações dos 45 anos da Revolução Sandinista. Os esquerdistas Lula e Ortega, boa parte do tempo depois da tomada de poder pelos sandinistas, se mantiveram unidos. Neste momento, porém, eles estão rompidos.