quinta-feira, janeiro 30, 2025
InícioCiência e tecnologiaEm SP, 500 mil pessoas vendem íris em troca de criptomoeda

Em SP, 500 mil pessoas vendem íris em troca de criptomoeda

Nos últimos meses, diversas lojas surgiram em São Paulo com oferecimento de um serviço peculiar: um pagamento em criptomoedas, em média R$ 600, para aqueles que permitem o escaneamento de suas íris. Muitos aderiram à oferta, embora poucos compreendam plenamente a proposta.

Ao entrar em uma loja, os participantes baixam um aplicativo e assistem a um vídeo explicativo. Há cerca de 50 estações de escaneamento em toda a cidade de São Paulo. A empresa afirma que busca garantir que a identidade digital pertença a um humano real.

Para isso, a íris e o rosto dos usuários são escaneados, incluindo imagens em infravermelho, e um mapa 3D do rosto é criado. O projeto WorldID é coordenado pela Tools for Humanity.

O chefe da empresa é Sam Altman, CEO da OpenAI, administradora do ChatGPT. A Tools for Humanity alega que as íris são convertidas em códigos desvinculados das informações pessoais dos usuários e que os dados são apagados posteriormente.

Venda de íris gera preocupações sobre privacidade e segurança

O termo de serviço gera dúvidas ao afirmar que o código da íris não é mais uma informação pessoal e que há risco de vazamento dos dados biométricos em caso de ataques cibernéticos, mesmo com tentativas de prevenção.

Waldemar Gonçalves Ourtunho Junior, diretor-presidente da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), ordenou a interrupção dos pagamentos.

“É uma operação que eu não vou voltar, não tenho como me arrepender”, explicou. “‘Olha, não quero, apaga a coleta’. A coleta fica parte na empresa e parte no celular. Então, acho que esses pontos ainda têm que ser esclarecidos para uma posição definitiva. Eu não sei se o Brasil vai para uma decisão de suspender o serviço. Mas, no momento, a gente está só querendo garantir que o consentimento seja sem contrapartida.”

Luiz Augusto Filizzola D’Urso, advogado especializado em Direito Digital, questiona: “Despejam-se milhões de reais para 500 mil usuários no Brasil pagando em torno de R$ 600 e não terá lucro nenhum? Em alguma hora esse lucro chegará.”

O que diz a empresa

A criptomoeda WorldCoin | Foto: Reprodução/Redes sociais
A criptomoeda WorldCoin | Foto: Reprodução/Redes sociais

Em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, o vice-presidente de Privacidade da Tools for Humanity, Damien Kieran, afirmou que a empresa não está comprando imagens de íris, mas, sim, recompensando a participação no projeto.

Depois do escaneamento, os participantes recebem a criptomoeda WorldCoin em 24 horas, utilizáveis na rede. A utilidade prática do projeto ainda é limitada.

A empresa planeja lucrar futuramente com as informações acumuladas, vendendo câmeras de escaneamento e desenvolvendo de aplicativos baseados na tecnologia.

Apesar das dúvidas e dos questionamentos, mais de 50 pontos de coleta de dados seguem em operação, pagando usuários com criptomoedas.

A continuidade do projeto depende de mais esclarecimentos sobre o uso dos dados e a conformidade com regulamentos de privacidade e segurança.

Via Revista Oeste

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