A carta aberta divulgada nesta semana pelo presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Marcio Pochmann, aumentou a temperatura da crise interna que se arrasta há meses no órgão.
No texto, Pochmann afirmava que servidores divulgavam mentiras sobre o instituto e sinalizava recorrer à Justiça contra as críticas recebidas. O clima entre os servidores é de crescente insatisfação e indignação.
“A entidade sindical vê com inaudito espanto a presidência do IBGE lançar combustível sobre uma crise que resvala, quando menos no ambiente das redes, naquela que é o maior patrimônio construído ao longo de quase 90 anos do IBGE, sua credibilidade — sempre defendida pelo sindicato, que combate a nova fundação justamente por vê-la como uma potencial ameaça a tal patrimônio imaterial e inalienável”, informa a nota do sindicato, publicada nesta sexta-feira.
A confusão entre Pochmann e o sindicato do IBGE
O comunicado de Pochmann foi divulgado pelo IBGE na noite da última quarta-feira, 15, rebatendo as críticas que tem recebido de servidores, representados pelo sindicato da categoria. O texto mencionava “conflitos de interesses individuais e particulares frente à missão institucional do IBGE”, “riscos de manipulação” e “difusão e repetição constante de inverdades”, sugerindo ainda que o instituto acionaria a justiça contra os críticos.
“A difusão e repetição constante de inverdades a respeito do IBGE exige posicionamento firme e esclarecedor sobre a realidade dos fatos”, declarou o comunicado de Pochmann. “São condenáveis os ataques de servidores e ex-servidores, instituições sindicais, entre outros, que têm espaço na internet e em veículos de comunicação para divulgar mentiras sobre o próprio IBGE.”
IBGE+, o motivo da crise
“O atual presidente assumiu um IBGE subfinanciado, com infraestrutura decadente, onde a boa execução do plano de trabalho se dá com um grande empenho dos trabalhadores, metade deles absolutamente precarizados”, respondeu o sindicato ao texto de Pochmann. “Não se nega, portanto, o difícil cenário que recebeu o novo presidente. Contudo, o que se espera da direção do órgão é que busque, junto ao Executivo e ao Parlamento, os recursos necessários para o regular funcionamento da Instituição, que produz dados essenciais ao planejamento e, por que não dizer, à reconstrução do Estado brasileiro.”
O IBGE enfrenta um momento de entrega de cargos de direção. Na semana passada, o órgão anunciou que a Diretoria de Pesquisas teria novo comando, com a substituição da diretora Elizabeth Belo Hypólito e do diretor-adjunto João Hallak Neto. Servidores nomeados há um ano pelo próprio Pochmann, ambos teriam pedido exoneração dos cargos por discordâncias com a atual gestão. A diretora de Geociências, Ivone Lopes Batista, também teria pedido exoneração do cargo, mas sua saída ainda não teria sido anunciada por aguardar a decisão sobre um substituto.
Presidência do instituto fala em economia
Na resposta a Pochmann, o sindicato diz reprovar a atitude de acusar de mentirosa “toda e qualquer discordância, banalizando o combate à fake news, na medida em que invoca tal bandeira para defender equívocos de gestão e veleidades de gestores”.
A presidência do IBGE alega que a transferência temporária dos servidores permitirá uma economia anual de aproximadamente 84%, em relação aos R$ 15 milhões anualmente gastos em aluguel e custos de manutenção — recursos que seriam revertidos para reformas de outras duas unidades próprias na região central do Rio de Janeiro.
Revista Oeste, com informações da Agência Estado