O futuro pertence aos carros elétricos? Além da óbvia questão ambiental, as montadoras poderão alcançar melhores números apostando deles. Ao menos, é o que indica uma pesquisa da Gartner, que indica que, em 2027, os veículos elétricos serão mais baratos de produzir do que os que funcionam por meio de combustível.
Esta previsão, claro, precisa ser colocada em contexto: ainda que se tornem mais baratos de produzir, o valor para reparos em veículos elétricos caminha para se tornar, até 2027, muito maior do que nos carros a combustão, o que abate uma parte dessa vantagem em produzir por menos dinheiro.
- Os efeitos práticos disso são que seguradoras podem lançar planos de valores muito elevados para cobrir acidentes com veículos elétricos;
- Em um cenário mais extremo, poderíamos ver companhias de seguros se negando a cobrir determinados modelos de automóveis.
- A Gartner alerta que uma reação negativa dos consumidores pode ser vista se as reduções nos custos de produção ocorrerem à custa de custos de reparação mais elevados.
Startups menores deverão sofrer para coexistir em um mercado cada vez mais competitivo
Outra previsão da Gartner, essa menos positiva, é de que por volta de 2027, 15% das empresas de carros elétricos fundadas desde a última década vão falir ou serão absorvidas por empresas maiores.
“Isto não significa que o setor de carros elétricos venha mal”, afirmou Pedro Pacheco, vice-presidente de investigação da Gartner. “É simplesmente o começo de numa nova fase em que as empresas com os melhores produtos e serviços vencerão as restantes.”
A afirmação do executivo já pode ser vista na prática, já que recentemente presenciamos ao menos 18 startups de carros elétricos que abriram seu capital nos últimos anos e atraíram enormes investimentos inicialmente, mas estão agora lutando por dinheiro, e até falindo, como, por exemplo, a Lordstown Motors e a Proterra.
Pacheco ainda revela como parte das montadoras de carros elétricos trouxeram inovações importantes nos processos de produção dos EVs, que possibilitaram uma produção mais barata no futuro, e também obrigou que o mercado seguisse esta tendência.
“Eles trouxeram inovações que simplificam os custos de produção, como a arquitetura centralizada de veículos ou a introdução de gigacastings que ajudam a reduzir os custos de fabricação e o tempo de montagem, que as montadoras tradicionais não tiveram escolha a adotar para sobreviver”, pontua. Gigacasting é um processo que funde grandes partes de carros em uma única peça, economizando dinheiro e tempo para a fabricação.