domingo, setembro 29, 2024
InícioPolíticaEleição em São Paulo não terá “efeito Russomanno“ pela primeira vez desde...

Eleição em São Paulo não terá “efeito Russomanno“ pela primeira vez desde 2012

“Quem é campeão de perder eleição é você”. A frase de Jilmar Tatto (PT), então candidato à Prefeitura de São Paulo, para Celso Russomanno (Republicanos) quatro anos atrás, em 2020, marcava uma ideia introjetada na cabeça dos marqueteiros eleitorais.

O embate na TV Cultura marcaria a última eleição em que Russomano tentaria ser escolhido para comandar a capital paulista.

Deputado federal no sétimo mandato, ele está desde 1994 em Brasília defendendo a pauta dos direitos do consumidor, reproduzida quase que diariamente em seus programas de televisão.

Candidato em três eleições — 2012, 2016 e 2020 –, o político está fora do páreo pela primeira vez nos últimos 12 anos. Ele e o partido decidiram apoiar o atual prefeito, Ricardo Nunes, do MDB.

“Não serei candidato. Dentre os candidatos que se apresentam, ele [Nunes] é o mais ponderado, mais tranquilo, não tem culturas radicais. Esse antagonismo que a gente tá vivendo só atrapalha o país”, disse Russomanno à CNN.

O desempenho de Russomanno nas pesquisas eleitorais garantiu a ele palco, público e plateia durante três campanhas e interferiu inclusive nos debates e nas estratégias de campanha.

Em sua estreia como candidato à prefeito, Russomanno travaria embates com Fernando Haddad (PT) e José Serra (PSDB).

Àquela época, em 2012, a pesquisa Datafolha feita um mês antes da eleição trazia o deputado com a liderança isolada e 35% do eleitorado nas mãos. Derreteu. Terminou a eleição com menos de 22% e viu os adversários indo para o segundo turno.

Como estratégia, o PT tinha mirado Russomanno nos últimos debates. Pesou contra o deputado uma ideia de implementar uma tarifa progressiva de ônibus por quilômetro rodado.

“Ele era sempre o primeiro colocado pelo recall da aparição dele na mídia e pelo desconhecimento de outras oportunidades. O afunilamento que o segundo turno gera te obriga a escolher um adversário ideal no primeiro [turno]. Por isso, o Haddad entendeu que fazia mais sentido ter o Russomanno como adversário ideal”, afirma o marqueteiro Felipe Soutello, que participou da estratégia da campanha de José Serra em 2012.

O cavalo paraguaio dificulta o terceiro colocado a se posicionar porque o debate entre os dois primeiros acaba sendo potencializado, e os que vêm atrás acabam tendo mais dificuldade para se colocar no cenário. A campanha fica mais trabalhosa

Felipe Soutello

Em 2016, nova tentativa: Russomano largava com 33% das intenções de voto no Ibope do fim de agosto. Em queda livre, é esmagado pelo então “outsider” João Doria, que vence no primeiro turno, deixando o então prefeito Haddad em segundo. Mais uma vez amargando um terceiro lugar, Russomano termina a eleição com 13%.

Em 2020, no auge da pandemia, Russomano chega a bater 28% nas campanhas Real Time/Big Data e XP/Ipespe, mas é ultrapassado por três adversários e termina em quarto lugar, com 10% dos votos, apesar de reivindicar o título de “candidato bolsonarista” na cidade.

Para ele, há dois principais motivos que foram decisivos para as três derrotas.

Tempo de televisão e falta de condição financeira. Quando você não tem tempo de TV, não dá pra se defender. Eu saía na frente e acabava virando um grande alvo

Celso Russomanno

Com o candidato aposentado das eleições majoritárias, o efeito Russomanno não será sentido em 2024.

O Republicanos, no entanto, quer um papel na candidatura de Nunes. O presidente municipal do partido, vereador André Santos, prometeu levar currículos para a mesa do atual prefeito.

“O Russomanno não será candidato, mas nós queremos poder indicar nomes para vice do prefeito. Entendemos que o partido tem direito de reivindicar essa possibilidade. Evidentemente, a escolha final é dele, mas queremos poder contribuir também com sugestões”, afirmou à CNN.

Para quem já viveu três campanhas figurando como pedra e vidraça em debates, entrevistas e propagandas de TV, fica o aprendizado.

(As campanhas) me ensinaram primeiro a escutar para compreender o que São Paulo precisa. Quem escuta acaba tendo boas ideias. A maior lição que eu daria para os candidatos é: escutem, ouçam… A arrecadação (da cidade) é enorme mas ainda hoje o recurso não chega na ponta

Celso Russomanno

Estrategistas de campanhas ouvidos pela CNN apostam que a ausência do “efeito Russomanno” deve deixar as pesquisas mais fiéis à realidade das urnas logo no primeiro momento.

Acreditam, no entanto, que como Mappin e Mesbla, a “marca” Russomanno mais do que nunca se transformou em uma “grife em extinção”.

Via CNN

MAIS DO AUTOR

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui