A operação do mercado italiano Eataly no Brasil sofreu um revés. A franquia brasileira, administrada por investidores locais, perdeu o direito de usar a marca e tenta barrar uma ação de despejo movida pela Caoa Patrimonial, dona do imóvel.
O ponto comercial está na Avenida Juscelino Kubitschek, em São Paulo, desde 2015. A empresa entrou com recuperação judicial no fim de 2024.
De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, Justiça restabeleceu uma ordem de despejo antes suspensa, com data marcada para 21 de janeiro de 2025. No dia 10 do mesmo mês, o juiz autorizou “reforço policial e ordem de arrombamento”. O Eataly conseguiu evitar a saída forçada, mas o risco persiste.
O juiz da recuperação judicial determinou que as dívidas antigas de aluguel estão sujeitas à recuperação, mas a suspensão do despejo depende do pagamento dos aluguéis atuais. A Caoa alega que os pagamentos foram parciais e que a perda da marca descaracteriza a necessidade do imóvel para a recuperação.
Criado em Turim, na Itália, em 2007, o Eataly está presente em pelo menos dez países, incluindo França, Reino Unido, Estados Unidos e Japão. O mercado reúne vinhos, massas, chocolates, restaurantes e cafés.
Dívidas e perda da marca Eataly
A perda dos direitos de uso do nome Eataly foi decidida em arbitragem entre o grupo italiano e a operação brasileira. A loja removeu todas as referências à marca.
De 2015 a 2021, o grupo St. Marché junto com os italianos operavam a Eataly Brasil. Em 2022, o grupo South Rock, ex-dono do Subway no país, comprou a marca. Ela entrou na recuperação judicial do South Rock, mas saiu depois que oo grupo Wings, de investidores locais, a comprou em 2023.
A empresa atribuiu a crise à pandemia, altos custos de aluguel e importação. A nova gestão afirma ter investido R$ 20 milhões para equilibrar as finanças. A dívida total é de R$ 49 milhões.
Em nota, o Eataly Brasil afirmou que a decisão sobre a marca foi tomada em arbitragem sigilosa e não é definitiva. “A empresa segue rigorosamente a legislação vigente.”
O grupo disse que a recuperação judicial busca “mediação com dois credores não financeiros, garantindo negociação estruturada”. A empresa afirmou que o processo não afeta suas operações, pagamentos ou compromissos. “O Eataly reafirma seu compromisso com colaboradores, fornecedores e clientes, assegurando continuidade das atividades.”