sábado, novembro 23, 2024
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“É pornochanchada com filme policial“, diz diretor sobre “Motel Destino“

“É uma mistura de pornochanchada com filme policial” – é assim que o diretor Karim Aïnouz descreve seu novo filme “Motel Destino“. O longa brasileiro é um dos filmes que disputa a prestigiada Palma de Ouro, prêmio mais importante do Festival de Cannes.

O evento de cinema francês é considerado um dos mais importantes da indústria no mundo, recebendo tanto destaque quanto o Oscar.A Palma de Ouro é o prêmio mais disputado entre os concorrentes; em 2023, “Anatomia de Uma Queda” foi escolhido como melhor filme do festival.

“Motel Destino” é um dos filmes brasileiros selecionados na competição. À CNN, Karim Aïnouz falou sobre o processo e temáticas do filme que estreou no festival nesta semana e foi descrito como o “filme mais sexy de Cannes” pela imprensa internacional.

 

O thriller erótico é um filme policial que traz o gênero criado no Brasil durante a década de 1970: a pornochanchada, que mistura o erotismo com a comédia. Durante a repressão da Ditadura Militar, o gênero cinematográfico em alta no Brasil foi exatamente filmes que pregavam a liberdade – nesse caso, a sexual, ao refletir abertamente o erotismo nas telonas.

“Tem vários elemento, tem o senso de humor, reverência e ousadia da pornochanchada”, explicou Aïnouz. “Ele tem essa celebração do sexo da pornochanchada, então a pornochanchada é uma grande fonte de inspiração para esse filme bem como o cinema policial.”

“Achei que era uma mistura muito interessante porque a pornochanchada é um gênero tão nosso, que não tem em outro lugar do mundo – do mesmo jeito que o motel, do jeito que a gente usa o motel aqui, não tem em nenhum outro lugar do mundo.”

Além da importância da pornochanchada, um dos fatores criadores de “Motel Destino” é o cinema policial: “É um lugar que é o lugar do desejo… então a diferença é que ele tem também elementos muito fortes do cinema policial, do cinema noir feito nas décadas de 40 e 50, um cinema que falava muito de personagens em situação de desamparo e pós-guerra, que é como eu sinto que é feito aqui”.

“Sempre fui muito impressionado por esse cinema que falava de questões sociais muito relevantes naquele momento histórico, com personagens que trouxeram uma complexidade de moral duvidosa, então acho que essa tradição que inspirou o cinema francês e o cinema nordic noir hoje em dia, então o como você consegue falar de um estado de coisas que a gente tá vivendo”, disse, ao abordar como o cinema policial aparece no gênero de “Motel Destino”.

Se a pornochanchada e o cinema policial predominam a estética do longa, outra tema que antes não havia sido explorado pelo diretor foi o realismo fantástico. “Eu acho que tem uma coisa nesse filme que eu sempre quis fizer que é o fantástico. Tem muita coisa fantástica, elementos de sobrenatural que eu nunca tinha usado antes e que acho que é um jeito incrível da gente adentrar no consciente de um personagem que é um elemento que eu nunca tinha usado antes.”

“Quando a gente faz o cinema ao sul do Equador, parece que a gente é condenado ao cinema sobre a realidade, então esse filme, pela primeira vez, não está só no plano do real”, explicou.

Outro ponto é que o filme é um longa brasileiro, mas, acima disso, é um filme do Ceará. “É um filme cearense”, falou o diretor. “Tenho orgulho de dizer isso porque ele não é só feito no Ceará: a paisagem humana dele cearense. (…) É um filme fora do eixo – que é um jeito mais sexy de dizer sobre regionalismo”.

Via CNN

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