O príncipe Reza Pahlavi, filho do último xá do Irã deposto durante a Revolução Iraniana de 1979, afirmou que a República Islâmica está em colapso e que o país se encontra diante de um ponto de inflexão histórico.
Em pronunciamento dirigido diretamente aos iranianos nesta terça-feira, 17, Pahlavi declarou que “a República Islâmica chegou ao fim e está em queda” e disse que “Khamenei [aiatolá do país] está escondido no subsolo como um rato assustado e perdeu o controle da situação”.
Segundo ele, o processo de transição iniciado no país é “irreversível” e a população deve se preparar para uma nova etapa. “O futuro é promissor e, juntos, vamos atravessar essa curva acentuada da história”, afirmou.
Em tom de solidariedade, acrescentou: “Nestes dias difíceis, meu coração está com todos os cidadãos indefesos que foram feridos e se tornaram vítimas do belicismo e das ilusões de Khamenei”.
Pahlavi disse ainda que sempre buscou evitar que o Irã fosse arrastado para a guerra, mas que agora a mudança de regime também representa o fim do confronto entre o governo teocrático e o povo iraniano. “O fim da República Islâmica é o fim de sua guerra de 46 anos contra a nação iraniana”, afirmou.
Na visão do opositor, o aparato de repressão estatal está em ruínas, e conclamou a população a uma ação coordenada. “Basta um único levante popular para que esse pesadelo acabe de vez”, afirmou. “Agora é o momento de se erguer. É hora de retomar o Irã. Todos juntos”.
Mobilização nacional pelo futuro do Irã
O pronunciamento mencionou explicitamente várias cidades do país como forma de estimular um movimento nacional. “De Bandar Abbas a Bandar Anzali; de Shiraz a Isfahan; de Tabriz a Zahedan; de Mashhad a Ahvaz; De Shahr-e Kord a Kermanshah”, listou. “Vamos às ruas. Ponham fim a este regime.”
Pahlavi também buscou afastar o temor de um colapso institucional. “Não devemos temer o dia seguinte à queda da República Islâmica”, afirmou. “O Irã não mergulhará em guerra civil nem em instabilidade. Temos planos para o futuro do Irã e sua prosperidade.”
Ele afirmou que uma estrutura de transição já está desenhada: “Estamos prontos para os primeiros 100 dias depois da queda, para um período de transição e para o estabelecimento de um governo nacional e democrático para o povo do Irã e pelas mãos do povo do Irã”.
O pronunciamento foi direcionado também a membros das Forças Armadas e demais órgãos do Estado iraniano. “Dirijo-me às forças militares, policiais, de segurança e aos funcionários do governo, muitos dos quais têm me enviado mensagens nestes dias”, disse. “Não enfrentem o povo iraniano para sustentar um regime cuja queda começou e é inevitável.”
Ele apelou para uma dissociação institucional: “Não se sacrifiquem por um regime apodrecido”, conclamou. “Ao se alinharem ao povo, vocês estarão preservando a si mesmos diante do mundo. Desempenhem um papel histórico na transição da República Islâmica e participem da construção do futuro do Irã.”
O discurso encerrou-se com um apelo à esperança e à união: “Um Irã livre e próspero está diante de nós”, disse Pahlavi. “Que em breve eu possa estar ao lado de vocês. Vida longa ao Irã. Viva o povo do Irã”.