quinta-feira, janeiro 30, 2025
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Dry Martini é cercado de lendas e diferentes ingredientes renovam o drinque

O Dry Martini é um dos coquetéis mais emblemáticos e reverenciados da história da mixologia. A simplicidade de sua receita contrasta com a sofisticação de sua execução, tornando-o um verdadeiro teste de habilidade e criatividade para bartenders, além de uma escolha de prestígio para os apreciadores.

A origem do Dry Martini é envolta em mistério, com teorias que conectam sua criação a diversas localidades. Alguns atribuem seu surgimento ao lendário bartender Jerry Thomas, que, em 1862, elaborou o coquetel Martinez — um precursor do Martini, misturando gin, vermute doce e marasquino.

Outros acreditam que o coquetel moderno ganhou notoriedade no Hotel Knickerbocker, em Nova York, no início do século 20. Independentemente de sua origem exata, o Dry Martini se consolidou como um marco da coquetelaria, ganhando destaque nos anos 1920, tanto como símbolo de sofisticação quanto como escolha dos rebeldes durante a Lei Seca.

A receita tradicional mais comum combina gin e vermute seco, com uma proporção de cinco partes de gin para um de vermute branco seco.

Contudo, essa proporção tem evoluído. Pesquisas recentes apontam que muitos bartenders, atualmente, preferem uma proporção de quatro partes de gin para dois de vermute seco, oferecendo um perfil de sabor mais equilibrado. Geralmente, o Dry Martini é finalizado com uma azeitona ou um twist de limão.

Variações clássicas e modernas

  • Dirty Martini: adiciona salmoura de azeitona à receita tradicional, resultando em um coquetel mais encorpado e salgado;
  • Vesper Martini: celebrado no romance “Casino Royale”, de Ian Fleming, combina gin, vodka e Lillet Blanc;
  • Reverse Martini: inverte as proporções clássicas, com mais vermute do que gin, criando um perfil mais leve e aromático;
  • Fifty Fifty (50/50): utiliza proporções iguais de gin e vermute;
  • Freezer Martini: uma abordagem contemporânea em que gin e vermute são previamente gelados no freezer, resultando em uma textura aveludada e ultrarrefrescante.

A presença de vodka na receita, popularizada pelos filmes da franquia “007”, não é tão incomum. Em algumas regiões da Europa e da Ásia, ao pedir um Dry Martini, é comum ser questionado se prefere gin ou vodka como base.

Evolução e relevância contemporânea

Apesar de suas raízes clássicas, o Dry Martini continua evoluindo. Ingredientes artesanais e técnicas modernas, como infusões em destiladoras, renovam o drinque. Gins com botânicos ousados e vermutes de produção limitada oferecem possibilidades quase infinitas de personalização.

No cenário atual, o Dry Martini é mais do que uma bebida: é uma declaração de estilo, personalidade e domínio técnico. Seja no balcão de um bar premiado ou na cozinha de um entusiasta, o Martini permanece como um símbolo eterno de sofisticação líquida.

O que torna o Dry Martini imortal?

Talvez o segredo de sua longevidade esteja na adaptabilidade. O Dry Martini reflete a personalidade de quem o prepara e captura a essência de quem o saboreia. É uma lenda, uma combinação simples, porém imponente e elegante, que nunca sai de moda.

Com a vasta oferta de gins disponíveis atualmente — cada um com aromas e sabores únicos — as possibilidades de inovação são quase infinitas.

Pessoalmente, tenho me surpreendido com versões que utilizam Jerez como substituto do vermute. Mesclar diferentes gins e vermutes na mesma receita também é uma abordagem interessante, permitindo explorar notas e aromas únicos.

Qual é a receita do Dry Martini perfeito?

Com certeza, a resposta para essa pergunta é óbvia: a receita perfeita sempre será aquela que você deseja beber naquele momento. Seja em um bar de hotel, na beira de uma piscina ou na sua casa após um dia estressante de trabalho, o importante é aproveitar o momento.

Não se permita impor regras ou barreiras ao coquetel mais versátil da história. Afinal, o Dry Martini é uma experiência pessoal, feita sob medida para o seu gosto e ocasião.

*Os textos publicados pelos Insiders e Colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do CNN Viagem & Gastronomia.

Quem é Thiago Bañares


Thiago Bañares
Thiago Bañares é o nome à frente das casas paulistanas Tan Tan, Kotori e The Liquor Store • Tati Frison

Bañares, formado em gastronomia pela FMU (SP), foi considerado pelo ranking “Bar World 100”, organizado pela importante publicação Drinks International, uma das 100 pessoas mais influentes da indústria global de bares. Seu restaurante/bar Tan Tan figura – pela terceira vez consecutiva – na lista dos melhores bares do mundo no “The World’s 50 Best Bars”. Ele comanda o também premiado Kotori, considerado o 50° melhor restaurante da América Latina pelo “Latin America’s 50 Best Restaurants”; e está à frente do intimista The Liquor Store, casa que privilegia a conexão entre cliente e bartender e que entrega coquetéis preparados com excelência.

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Via CNN

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