Pelo terceiro dia consecutivo, o dólar registra alta no Brasil. A moeda norte-americana iniciou o dia em queda, mas reverteu o movimento depois de declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre especulações em torno do real nesta terça-feira, 2. Às 11h, a cotação avançava 0,26%, alcançando R$ 5,66.
Em entrevista à Rádio Sociedade, em Salvador, Lula informou que se reunirá em Brasília na próxima quarta-feira, 27, para tratar da suposta especulação contra o real, que estaria impulsionando a alta do dólar. Para ele, “não é normal o que está acontecendo. É um absurdo. Veja, obviamente, me preocupa essa subida do dólar. É uma especulação. Há um jogo de interesse especulativo contra o real neste país.”
Alta do dólar e impacto no mercado
No último mês, o dólar acumulou uma alta de 7,95% e, desde janeiro, de 16,78%. O recente discurso intervencionista de Lula não tem agradado os investidores, que ainda enfrentam incertezas externas, como a taxa de juros dos Estados Unidos.
A valorização do câmbio é um dos efeitos imediatos dessa abordagem do presidente, dizem os analista. Isso pode desorganizar o planejamento das empresas e pressionar a inflação. O resultado pode ser o oposto do desejado por Lula, que é a redução da taxa de juros.
O real apresenta o pior desempenho entre seus pares latino-americanos. Na segunda-feira 1º, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao contrário de Lula, atribuiu a alta do dólar a “ruídos” de comunicação”.
O ministro também afirmou crer que o patamar de câmbio vá se acomodar e que a situação do dólar se reverta, à medida que os processos de decisão sobre gastos do governo forem concluídos.
No mercado, no entanto, a expectativa é diferente. De acordo com o Boletim Focus desta semana, economistas do mercado financeiro elevaram as projeções de cotação do dólar no fim deste ano e nos próximos. A previsão para o câmbio em 2024 subiu de R$ 5,15 para R$ 5,20, na terceira alta consecutiva. Um mês antes, estava em R$ 5,05.