Em um dia de volatilidade, o dólar alcançou um pico histórico de R$ 6,20, antes de fechar esta terça-feira, 17, a R$ 6,0982 — um recorde. A valorização reflete a desconfiança dos investidores em relação à política fiscal do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Na véspera, a moeda já havia atingido R$ 6,092 — também recorde nominal de fechamento.
Para conter a escalada, o Banco Central interveio pela quarta vez consecutiva e vendeu US$ 2,015 bilhões no mercado à vista. Anteriormente, já havia realizado leilões de US$ 1,272 bilhão, com o objetivo de estabilizar a taxa de câmbio e aliviar a pressão econômica.
No mercado de ações, o Ibovespa subiu 0,92% e encerrou o expediente em 124,7 mil pontos.
Cenário político e expectativas
O cenário político também gera expectativa, com a votação da regulamentação da reforma tributária na Câmara dos Deputados. Investidores acompanham o andamento do projeto, que é crucial para a percepção de risco fiscal do país. A ausência do presidente Lula, em recuperação de cirurgia, é vista como um desafio nas negociações.
O Comitê de Política Monetária (Copom) divulgou a ata de sua última reunião, em que afirmou que “a percepção dos agentes econômicos sobre o recente anúncio fiscal afetou, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes”.
Tal percepção motivou um aumento de 1 ponto porcentual na taxa básica de juros, a Selic. Com a medida, o comitê tenta controlar o prêmio de risco e as expectativas de inflação.
Influência internacional na alta do dólar
No cenário internacional, as atenções estão voltadas para a reunião do Federal Reserve, o Banco Central norte-americano. Ele deve reduzir os juros dos EUA em 0,25 ponto porcentual. Mercados globais aguardam as projeções do Fed para o próximo ano.
No Brasil, o cenário fiscal preocupa investidores. O mercado teme as dificuldades no controle do déficit e a estabilização econômica, caso as medidas não sejam aprovadas.