O dólar acelerou o ritmo de alta, nesta segunda-feira, 1º, e fechou em R$ 5,65, um aumento de 1,16%. Esse é o valor mais alto desde 10 de janeiro de 2022. A valorização coincide com o aumento dos ganhos da moeda norte-americana no exterior e com novas máximas dos retornos dos treasuries — títulos de dívidas emitidos pelo governo dos Estados Unidos — de 10 e 30 anos, o que impacta principalmente as moedas emergentes.
O real apresenta o pior desempenho entre as moedas latino-americanas. A moeda brasileira perdeu apenas para o rand sul-africano.
De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, apesar de não haver novos fatores locais que expliquem a alta do dólar, analistas acreditam que duas ações influenciaram no valor da moeda: a busca por posições defensivas e hedge cambial (proteção contra variações cambiais) por causa do desconforto com o panorama fiscal. A resistência do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em cortar gastos contribui para essa percepção.
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Há ainda temores de ingerência política no Banco Central a partir de 2025, quando Roberto Campos Neto será substituído por um indicado de Lula. O presidente critica a atual gestão de política monetária.
Dólar em alta e ataque ao Banco Central
Com o dólar em alta, nesta manhã, Lula declarou que “quem quer o Banco Central autônomo é o mercado”.
Também nesta segunda-feira, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), reiterou o suposto compromisso do governo com o arcabouço fiscal. Ele prometeu coibir fraudes e revisar despesas.
“Vamos reafirmar compromisso com o arcabouço fiscal no envio da PLOA em agosto”, disse Padilha. “Quem fica especulando sobre irresponsabilidade fiscal do governo vai errar de novo.”
O dólar futuro para agosto avançou 0,88% e fechou em R$ 5,6705. O Ibovespa encerrou o dia com alta de 0,65%, com 124.718,07 pontos.