As fortunas dos mais ricos do Brasil encolheram mais de US$ 12 bilhões neste ano, devido a alta do dólar e, consequentemente, a desvalorização recorde do real, que afetou o valor de mercado das empresas. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
A postura do presidente Lula, que evita cortes de gastos na magnitude esperada pelo mercado, contribuiu para que o déficit fiscal se aproximasse de 10% do PIB. Bilionários como Rubens Ometto e André Esteves sentiram perdas significativas ao longo do ano, sobretudo neste fim de ano, com a alta do dólar.
A Bolsa de Valores brasileira teve uma redução de US$ 230 bilhões em valor de mercado neste ano, sendo US$ 60 bilhões apenas na semana passada. O Banco Central tentou, sem sucesso, conter a desvalorização do real, agravando a situação econômica.
Ricardo Lacerda, fundador da BR Advisory Partners, destacou uma “destruição de valor generalizada e sem precedentes”, com aumento das taxas de juros dificultando financiamentos e adiando projetos.
Impacto político e econômico com a alta do dólar
O bilionário Rubens Ometto, da Cosan, atribuiu os problemas a questões políticas, afirmando que a inflexibilidade dos membros do partido de Lula afeta os investimentos. A economista Adriana Dupita, da Bloomberg Economics, alertou que a desvalorização cambial impactará os preços ao consumidor, elevando a inflação, o que já preocupa os investidores.
Os fundos multimercado enfrentam dificuldades para superar os benchmarks de mercado, lidando com resgates líquidos bilionários. Executivos como Luiza Trajano, da Magazine Luiza, viram suas ações caírem 75% em dólares.
Empresas como MRV Engenharia, de Rubens Menin, e Atacadão, ligado ao Carrefour e ao family office de Abílio Diniz, também tiveram declínios. Por outro lado, exportadores como JBS, BRF e WEG resistiram à crise.
Estrategias financeiras e tendências
Pedro Romeiro, sócio da Carpa, recomenda que clientes aumentem a alocação em moeda forte para até 50%, diante das incertezas econômicas. Há um interesse crescente por residência fiscal em países como Uruguai, Portugal e Itália.
As fintechs que oferecem transferências internacionais e investimentos offshore estão prosperando com o aumento do volume de investimentos de brasileiros. Bancos e economistas expressam preocupação com a comparação fiscal entre Brasil e Argentina, especialmente com a austeridade fiscal deste último.
Lacerda vê Lula em uma “queda de braço” com o mercado, com fuga de capitais e incerteza para investidores. “Os investidores estão jogando a toalha”, disse. “Quem aposta contra o Brasil está ganhando dinheiro. Quem aposta a favor está perdendo.”