Tudo sobre TikTok
Um tribunal da Pensilvânia, nos EUA, acidentalmente divulgou milhares de páginas de documentos judiciais sigilosos sobre o “nascimento” da ByteDance, dona do TikTok. E, de certa forma, sobre o surgimento da rede social em si. As páginas voltaram ao sigilo. Mas não antes de uma repórter do jornal New York Times dar uma olhada.
Para quem tem pressa:
- Um tribunal da Pensilvânia expôs acidentalmente documentos sigilosos sobre a origem da ByteDance, empresa-mãe do TikTok. E as páginas revelaram detalhes interessantes sobre a história tanto da empresa quanto da rede social chinesa;
- Segundo o jornal New York Times, os documentos sugerem que a ByteDance começou como uma startup imobiliária chamada 99Fang, que teve investimento do Susquehanna International Group;
- A startup falhou antes de evoluir para o conceito de conectar usuários com vídeos engraçados e conteúdo de lifestyle – ideia que se tornaria a base do TikTok;
- Originalmente chamada Xiangping, a ByteDance se propunha a selecionar conteúdo para os usuários com base em seus dados, visando iniciar a viralização de informações;
- Além disso, há disputas legais relacionadas à tecnologia da ByteDance, com ex-funcionários processando o Susquehanna por supostamente transferir tecnologia de busca avançada para a ByteDance sem compensação adequada.
A jornalista Mara Hvistendahl escreve que os documentos (emails, transcrições de conversas e memorandos) abrem uma “janela fascinante” sobre as origens da ByteDance. “Eles [os documentos] contam uma nova versão da história de origem da ByteDance, uma com avanços e retrocessos no caminho para se tornar uma das startups mais valorizadas do mundo.”
Origens da ByteDance (e do TikTok)
Confira abaixo os destaques listados pela repórter em relação ao que ela leu nos documentos vazados:
ByteDance surgiu de um site imobiliário chinês
O, digamos, “causo oficial” da origem da ByteDance tem quê de lenda do Vale do Silício. É assim: o fundador da empresa, Zhang Yiming, esboçou a ideia num guardanapo para um funcionário de uma subsidiária do Susquehanna International Group, firma de negociação do megadoador republicano Jeff Yass, em 2012 – e a proposta foi tão impressionante que o Susquehanna embarcou na ideia.
Os documentos lidos pela repórter, no entanto, contam uma história diferente. Segundo Mara, a subsidiária chinesa do Susquehanna escolheu Zhang em 2009 para liderar uma startup imobiliária chamada 99Fang. A empresa tinha “boa tecnologia de busca” que deveria “conectar compradores com as propriedades ideais”.
A repórter continua: “A empresa acabou fracassando, e em 2012, o Sr. Zhang escreveu num email que estava entediado com o setor imobiliário. Ele e o Susquehanna mantiveram contato enquanto ele desenvolvia a ideia para a ByteDance, que ele chamava de ‘empresa irmã’ da empresa imobiliária. Em vez de conectar compradores com casas, ele propôs conectar usuários com vídeos engraçados e conteúdo de lifestyle.”
Nome original da ByteDance era Xiangping
Um memorando de investimento inicial descreve planos para uma empresa que, segundo Mara, “parece muito com o TikTok”. Originalmente chamada Xiangping (“comentários compartilhados”, em tradução livre), a empresa se sustentava numa ideia simples: em vez de usuários escolherem pessoas ou grupos para seguir, o Xiangping mineraria seus dados e selecionaria conteúdo para eles.
A repórter escreve que o objetivo era “escolher as informações mais quentes para iniciar a disseminação viral”, conforme consta no memorando, que foi preparado pela subsidiária chinesa do Susquehanna. Zhang se tornou fundador da empresa em questão, que viria a ser a ByteDance.
A tecnologia do TikTok
É bom dividir essa parte do contexto em duas. Primeiro: dois ex-funcionários processaram o Susquehanna, acusando a empresa de levar tecnologia de busca de ponta para a ByteDance sem compensá-los (o Susquehanna nega isso e contestou o processo). Segundo: os documentos mostram que a ByteDance surgiu do investimento anterior do Susquehanna na 99Fang. “Se a tecnologia também veio de lá é uma questão que pode acabar em um júri”, escreve a repórter.