O chanceler da Venezuela, Yvan Gil, advertiu o embaixador da Espanha em Caracas em uma reunião na última sexta-feira, 13, que seu país não aceitará nenhuma intromissão em seus assuntos internos. A declaração decorre do aumento da tensão entre os dois países devido a questionamentos sobre a “reeleição” de Nicolás Maduro e ao asilo que será concedido a seu adversário, Edmundo González Urrutia, em Madri.
“Não permitiremos nenhuma ação intervencionista por parte do governo da Espanha”, escreveu o chanceler, um dia depois de chamar para consultas a embaixadora venezuelana em Madri, Gladys Gutiérrez. Gil recebeu na chancelaria o embaixador espanhol em Caracas, Ramón Santos, para expressar a postura contundente do governo venezuelano.
A tensão nas relações bilaterais aumentou nos últimos dias depois que o candidato da oposição venezuelana, Edmundo González Urrutia, chegou à Espanha para pedir asilo, e que a ministra da Defesa espanhola, Margarita Robles, tachou o governo de Maduro de “ditadura”.
O chanceler Gil disse que esses são “assuntos de competência exclusiva dos venezuelanos” e compartilhou imagens do encontro com o embaixador espanhol, Ramón Santos.
Espanha não reconhece “vitória” de Maduro na Venezuela
O governo de Pedro Sánchez não reconhece a “vitória” de Maduro nem a de González. A Espanha insiste, em consonância com a posição da União Europeia, em reivindicar a publicação das atas eleitorais, que, segundo a oposição, comprovam sua vitória.
O ministro espanhol das Relações Exteriores, José Manuel Albares, não replicou as convocações para consultas do homólogo venezuelano, medidas que chamou de “decisões soberanas”.
“Não há o que comentar”, declarou à rádio pública RNE. “O que posso dizer é que trabalhamos para ter as melhores relações possíveis com o povo irmão da Venezuela”, acrescentou Albares.
Gil afirmou, por sua vez, que “a Venezuela adotará as medidas necessárias no âmbito do direito internacional e da diplomacia bolivariana de paz para proteger sua soberania”.
Na quinta-feira 12, Pedro Sánchez recebeu González no Palácio de La Moncloa, sede do governo em Madri, e assegurou, pelo Twitter/X, que a “Espanha segue trabalhando a favor da democracia, do diálogo e dos direitos fundamentais do povo irmão da Venezuela”.
O alto representante da diplomacia europeia, Josep Borrell, reiterou, na sexta-feira 13, que “as eleições não foram vencidas por Maduro”, embora não tenha reconhecido a vitória de González, a quem convidou para ir a Bruxelas.
“Infelizmente, nestes temas não há varinhas mágicas”, disse em coletiva de imprensa em Madri. “Os reconhecimentos podem ter um valor simbólico, mas não mudam a realidade”, acrescentou.
Redação Oeste, com informações da Agência Estado