A possibilidade de eleger o prefeito da maior cidade do país e manter a única capital sob sua gestão são naturalmente as prioridades do PSOL nas eleições de 2024, mas a presidente nacional do partido, Paula Coradi, também aponta o enfrentamento à “ultradireita” como foco da sigla na disputa deste ano.
“Entendemos que, nesse contexto de polarização, a unidade é fundamental para derrotar a ultradireita. E nós estaremos ao lado de quem reunir as melhores condições de derrotá-la eleitoralmente, assim como foi em 2022”, disse a dirigente do PSOL à CNN.
Além de tratar a campanha do deputado federal Guilherme Boulos (SP) à Prefeitura de São Paulo como prioritária, o partido espera reeleger Edmilson Rodrigues em Belém.
Os cenários, porém, são opostos:
- como desafiante ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), o pré-candidato do PSOL e aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está à frente nas pesquisas
- na capital paraense, a oposição lidera com o deputado Eder Mauro (PL), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)
A eleição está sendo posta como um terceiro turno das eleições presidenciais de 2022 e a disputa de 2026 passa fundamentalmente pelas eleições de 2024. O que nos cabe é construir frentes de esquerda onde for possível
Paula Coradi
Nesta semana, a CNN publica uma série especial de entrevistas sobre as eleições municipais de 2024 com os dirigentes dos maiores partidos brasileiros. Todas as publicações podem ser acessadas no site da cobertura eleitoral da CNN.
Quais são as metas do partido para as eleições municipais, tanto em número de prefeituras quanto em total de votos? E em número de vereadores?
Conforme definido em reunião da Executiva Nacional do partido em janeiro, as prioridades são a reeleição do prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, e a eleição de Guilherme Boulos em São Paulo. Esperamos manter Belém e vencer em São Paulo, mas podemos ter outras surpresas.
Teremos candidaturas nas quatro capitais do Sudeste, além de outras capitais no Nordeste, Norte e Sul.
O cenário das candidaturas não está completamente definido, mas acreditamos que teremos bons resultados. Em relação ao número de vereadores, pretendemos dobrar o número de parlamentares em relação a esta legislatura. Em 2020, o PSOL elegeu 90 vereadores.
Na sua opinião, as eleições municipais vão manter a polarização vista no nível nacional, com o presidente Lula e aliados de um lado e o ex-presidente Jair Bolsonaro e apoiadores do outro?
Avaliamos que a tendência é essa. A eleição está sendo posta como um terceiro turno das eleições presidenciais de 2022, e a disputa de 2026 passa fundamentalmente pelas eleições de 2024. O que nos cabe é construir frentes de esquerda onde for possível. A extrema direita não pode voltar ao poder e para isso precisamos construir a unidade.
O partido terá resolução ou critérios obrigatórios para se firmar alianças nas principais cidades do país? Haverá veto a algum partido?
Sim, haverá uma resolução sobre o arco de alianças que será discutida e aprovada nas instâncias do partido. Em nosso congresso, realizado ano passado, decidimos que estão vetados partidos que sustentaram o governo Bolsonaro.
O PSOL vai ter a cabeça de chapa da principal aposta do presidente Lula nestas eleições, em São Paulo. Isso significa que o partido e seus candidatos nas capitais e grandes cidades vão assumir plenamente a defesa do atual governo e da reeleição em 2026, como tem defendido o PT?
O PSOL hoje compõe a base do governo Lula. Nossa atuação política, portanto, é de defesa do governo e as candidaturas do PSOL vão nesse sentido também.
Entendemos que, nesse contexto de polarização, a unidade é fundamental para derrotar a ultradireita. E nós estaremos ao lado de quem reunir as melhores condições de derrotá-la eleitoralmente, assim como foi em 2022.
Na sua opinião, o quanto as eleições municipais deste ano serão determinantes para as eleições de 2026, seja na disputa pela Presidência e por governos estaduais, seja na formação das bancadas na Câmara dos Deputados?
Dada a polarização, as eleições podem apontar uma tendência, sim, mas existem componentes locais que precisam ser levados em conta, como o que cada gestão tem feito pelas suas populações. Em São Paulo, temos uma gestão com muito dinheiro em caixa e pouca capacidade de realização. Isso vai ser levado em conta na urna, além do aspecto ideológico.
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