Joel Souza, 51, roteirista e diretor do filme “Rust” falou pela primeira vez desde o acidente com uma arma no set de filmagem em outubro de 2021, que resultou na morte da diretora de fotografia Halyna Hutchins.
Disparada pelo armamento segurado pelo ator Alec Baldwin, 66, a bala também atingiu Souza, entrando pelo ombro e quase atingiu sua espinha. “Não quero dizer que isso [o acidente] arruinou minha carreira. Quero dizer que internamente a pessoa que eu era simplesmente foi embora”, disse em uma entrevista à Vanity Fair publicada nesta quinta-feira (15).
A arma cenográfica disparada por Baldwin não deveria estar carregada e a armeira responsável pelo set, Hannah Gutierrez-Reed, foi condenada por homicídio culposo e sentenciada a 18 meses de prisão nos Estados Unidos.
O ator, denunciado pelo mesmo crime, teve a acusação rejeitada devido ao manuseio incorreto das evidências pela promotoria.
De acordo com o diretor, os apontamentos de que naquele dia houve pressa para montar o set devido a um embate sobre a distância que o hotel da equipe ficava são falsos. “Houve bastante tempo para o armeiro verificar a munição e carregar as armas. Não houve pressa naquela manhã. Naquele dia, o ritmo estava muito tranquilo porque tínhamos apenas uma câmera. Eu pensei: “Esqueça isso, não vamos nos apressar hoje. O que terminarmos, terminamos, porque o dia já estava comprometido”, relatou Souza.
Durante o ensaio de uma das cenas das gravações feitas no Novo México a arma foi disparada em direção à equipe. Joel também desmentiu que antes a equipe tenha treinado acertar latas com projéteis de verdade — o que não foi aceito pelos policiais que periciaram a área.
Sobre o momento do tiro, o diretor relatou que “parecia que um cavalo tinha me dado um coice no ombro ou que alguém tinha me acertado com um bastão. Todo o lado direito do meu corpo ficou dormente, completamente dormente, mas, ao mesmo tempo, doía terrivelmente.”
Mesmo retornando para concluir o trabalho em “Rust” um ano e meio após a paralisação das filmagens devido ao acidente, Souza disse que o processo para entender o que aconteceu nesse tempo não foi fácil.
“Comecei a ter pesadelos todas as noites, por mais de um ano. Eles eram apenas pesadelos do tipo que me acordavam suando frio. Às vezes eram muito sem forma e sem forma, e às vezes eram muito específicos. Eu fui a muita terapia. Nunca funcionou para mim […] Eu passava por seis terapeutas”, contou.
De acordo com ele, descobriu a morte da colega mais tarde, quando estava no hospital. “Lembro-me especificamente de ir dormir naquela noite e torcer para não acordar na manhã seguinte. Eu esperava que eu simplesmente sangrasse até a morte durante a noite”, relatou.
Souza também relatou que foi Matt Hutchins, o marido de Halyna Hutchins, que se encarregou de consolar as pessoas — mesmo tendo perdido a esposa de forma trágica. Ele se tornou consultor do filme após o incidente, o que gerou revoltas no público. “Qualquer um que tenha um problema com Matt tem um problema com bondade em geral. Esse cara está fora do seu alcance em termos de integridade e em termos de inteligência emocional”, disse o diretor.
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