sexta-feira, novembro 22, 2024
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Desnutrição infantil entre indígenas cresceu no governo Lula

A desnutrição infantil aumentou entre as crianças indígenas em 2023, 1º ano da atual gestão do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Nesse mesmo período, a escolarização entre crianças e jovens negros permaneceu muito baixa. Os dados estão na nova edição do Observatório das Desigualdades, lançada nesta terça-feira, 27.

A publicação apresenta mais de 40 indicadores. Eles mostram como diferentes grupos da população enfrentam questões como renda, educação, transporte público, mudanças climáticas, violência urbana e representação política.

De acordo com a edição, entre 2022 e 2023, houve um aumento de 16,1% na desnutrição entre meninos indígenas até 5 anos e de 11,1% entre meninas da mesma faixa etária. Além disso, a taxa de escolarização no ensino superior entre homens negros, por exemplo, é cerca de metade da observada entre brancos, e permaneceu sem alterações no período.

Nova edição do observatório das desigualdades

O levantamento é uma iniciativa do movimento Pacto Nacional pelo Combate às Desigualdades, que reúne 200 entidades, incluindo organizações do terceiro setor e associações de classe.

Esses dados revelam uma grande disparidade entre grupos étnicos e entre homens e mulheres, mesmo nos casos em que houve melhorias gerais.

“Estudamos múltiplas desigualdades porque elas se conectam, penetram em todas áreas e atividades da sociedade brasileira, e uma se torna causa da outra”, afirma Oded Grajew, fundador da Grow e membro do Pacto, segundo a Folha de S.Paulo.

De acordo com Grajew, a pesquisa tem o objetivo de “mostrar o tamanho das desigualdades e a agenda necessária para combatê-las”.

“Com esse levantamento, ninguém pode dizer que não conhece as desigualdades brasileiras nem sabe por onde começar e o que fazer”, observou.

O Observatório compila dados de órgãos governamentais e entidades do terceiro setor para medir e analisar desigualdades em vários setores sociais, propondo soluções em seguida.

Desnutrição infantil entre indígenas

O relatório também destaca que, em 2023, houve 670 mortes de crianças indígenas por causas evitáveis, o maior número da série histórica | Foto: Reprodução/Twitter/X/@PaulXbrow2
O Observatório compila dados de órgãos governamentais e entidades do terceiro setor | Foto: Reprodução/Twitter/X/@PaulXbrow2

As estatísticas sobre desnutrição infantil indicam que apenas os indígenas experimentaram um aumento na proporção de crianças abaixo do peso ideal até os cinco anos. Ademais, a média nacional de desnutrição nessa faixa etária diminuiu apenas 0,2%, segundo o Ministério da Saúde.

No campo educacional, a região Nordeste registrou a maior queda na taxa de escolarização líquida no ensino médio, de 65% para 62,5%, entre 2022 e 2023. Isso significa que somente seis em cada dez alunos dessa região, em média, estão matriculados conforme sua idade escolar.

Frequência em creches

O levantamento também destaca um aumento na frequência de crianças de zero a 3 anos em creches, de 30,7% para 33,2% entre 2022 e 2023. Contudo, esse aumento foi mais acentuado entre crianças não negras comparado às negras.

“A menor taxa de crescimento na cobertura foi em relação às meninas negras: apenas 2,4%”, destaca o Pacto em nota.

No Brasil, a taxa de escolarização no ensino médio é de 66% para alunos negros e 75% para alunos não negros (brancos, amarelos e indígenas, conforme a classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE).

Desigualdade na escolarização

No ensino superior, essa desigualdade é ainda maior. A taxa de escolarização nesse nível de escolaridade entre homens negros é de 12,6%, metade da proporção entre brancos (24,5%). Entre mulheres, a diferença é semelhante, com 17% entre negras e quase 32% entre brancas.

Com base em pesquisas do IBGE, o levantamento aponta uma redução nos índices de extrema pobreza, embora a desigualdade entre os mais ricos e os mais pobres tenha permanecido inalterada.

Desigualdade de renda

O percentual de pessoas em extrema pobreza no Brasil caiu de 2,8% para 1,7% em um ano até 2023. Entretanto, o 1% mais rico do país teve rendimento médio mensal per capita 31,2 vezes maior que os 50% mais pobres, um aumento em relação ao índice de 30,8 vezes em 2022.

“É muito difícil acreditar que a redução da desigualdade vá acontecer de livre e espontânea vontade dos governos”, diz Neca Setúbal, também membro do Pacto. “Isso exige recurso, exige política pública com dados, com evidências, e exige que você vá colocar recursos no apoio a grupos que não estão representados nas instituições públicas.”

Via Revista Oeste

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