Esta semana, o céu servirá de pista para uma verdadeira “dança da Lua”. No decorrer de quatro dias, o satélite natural da Terra vai executar sete movimentos, com trocas de pares e até de “roupa”.
O “baile” vai começar com a dama nos “braços” de Vênus. Em seguida, ela trocará de parceiro, se encontrando com Marte. Ao rodopiar pelo salão celeste, a Lua alcançará o ponto mais próximo do Sol (periélio) em sua órbita atual, unindo-se a outro parceiro, Mercúrio, na sequência.
Após esse brilhante primeiro ato, a protagonista vai mudar de “figurino”, iniciando a fase nova. Ela, então, chegará pertinho da Terra (atingindo o ponto conhecido como perigeu) e terminará o espetáculo acompanhada de Saturno.
Entenda, a seguir, o que toda a analogia apresentada acima representa na realidade – lembrando que todos os horários mencionados estão no fuso de Brasília.
Tudo começa na quarta-feira (7), às 15h52, quando a Lua se aproxima de Vênus, com quem compartilha a mesma ascensão reta (coordenada astronômica equivalente à longitude terrestre) no céu – em um fenômeno conhecido como conjunção astronômica.
Devido ao horário, o evento não poderá ser observado. Segundo o guia de observação astronômica In-The-Sky.org, do ponto de vista de São Paulo, por exemplo, a dupla será visível entre 3h35 e 5h30 – sendo então ofuscada pela luz solar. Quando voltar a anoitecer, nem a Lua nem Vênus poderão mais ser vistos, já que estarão posicionados abaixo da linha do horizonte.
Já na quinta-feira (8), acontece a conjunção da Lua com Marte. Também de acordo com o site In-The-Sky.org, o encontro será às 3h31.
De São Paulo, a dupla será difícil de observar, pois não aparecerá mais do que 13° acima do horizonte, a partir das 4h, mais ou menos. Mais uma vez, quando amanhecer (por volta das 5h10), eles vão sumir no brilho do Sol. E, ao anoitecer, já não estarão acessíveis aos nossos olhos.
3- Periélio lunar
No mesmo dia, às 10h46, a Lua alcançará o periélio, que é o ponto de sua órbita mais próximo do Sol – a 0,9841 unidades astronômicas (UA) (algo em torno de 150 milhões de km). Cerca de nove horas mais tarde, ela estará em nova conjunção astronômica, desta vez com Mercúrio.
De acordo com o site In-The-Sky.org, a conjunção entre a Lua e Mercúrio também não será observável. O evento se dará às 19h, e a dupla atingirá seu ponto mais alto no céu durante o dia (ofuscada pelos raios solares), estando abaixo da linha do horizonte quando anoitecer.
5- Lua nova
A “troca de figurino” da Lua representa a mudança para a fase nova, que acontece na sexta-feira (9), às 20h. Uma lunação ou ciclo lunar, como é chamado o intervalo de tempo entre luas novas, é sutilmente variável, com média de duração de 29,5 dias.
Durante esse período, ela passa pelas quatro fases principais (nova, crescente, cheia e minguante), e cada uma se prolonga por aproximadamente sete dias. Também existem as “interfases”: quarto crescente e crescente gibosa (entre as fases nova e cheia) e minguante gibosa e quarto minguante (entre a cheia e a minguante).
6- Perigeu lunar
No sábado (10), a Lua atinge o perigeu, que é o ponto mais próximo da Terra em sua órbita atual ao redor do planeta. De acordo com o guia de observação astronômica In-The-Sky.org, isso acontece às 15h52.
A distância da Lua em relação à Terra varia porque sua órbita não é perfeitamente circular – é ligeiramente oval, traçando um caminho conhecido por elipse. À medida que a Lua atravessa esse caminho elíptico ao redor do planeta a cada mês, sua distância varia 14%, entre 356.500 km no perigeu e 406.700 km no apogeu (ponto mais longe).
“Esses valores são médios porque, na prática, variam bastante devido às influências gravitacionais do Sol e dos outros planetas do Sistema Solar” diz Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (Bramon) e colunista do Olhar Digital.
Finalizando a semana, a Lua estará em conjunção com Saturno na noite de sábado, às 21h40. O evento, no entanto, não poderá ser observado, já que a dupla estará abaixo da linha do horizonte nesse momento.
O próximo planeta a receber a “visita” da Lua neste mês será Júpiter (15). Essa série de conjunções mensais ocorre porque a Lua orbita a Terra aproximadamente no mesmo plano em que os planetas orbitam o Sol, chamado plano da eclíptica.