quinta-feira, setembro 19, 2024
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Descobertos peixes pulonados que viveram com os dinossauros

Um guia de safári e caçador de fósseis no Zimbábue, Steve Edwards, ganhou a rara oportunidade de nomear uma nova espécie para a ciência. Durante uma de suas expedições no norte do país, ele encontrou o fóssil de um peixe que viveu há cerca de 210 milhões de anos, quando os dinossauros ainda estavam começando a dominar a Terra.

Batizado de Ferganoceratodus edwardsi, em homenagem ao descobridor, o animal é um tipo de peixe pulmonado, uma linhagem antiga que sobrevive há impressionantes 420 milhões de anos e que ainda pode ser encontrada viva nos dias atuais. A espécie foi descrita recentemente em um artigo publicado no Journal of Vertebrate Paleontology.

Peixe pulmonado australiano (Neoceratodus forsteri), um fóssil vivo no aquário do Australia Zoo. Crédito: paparazzza – Shutterstock

Peixes pulmonados podem respirar fora da água

Peixes pulmonados são conhecidos por suas peculiaridades, especialmente em relação à forma como respiram. Diferente da maioria dos peixes, eles possuem uma bexiga natatória que, com o tempo, se transforma em um tipo de pulmão, permitindo-lhes respirar fora da água. Essa adaptação foi crucial quando alguns desses peixes decidiram explorar o ambiente terrestre, evoluindo para se tornarem tetrápodes – os ancestrais dos vertebrados terrestres.

Fósseis do Ferganoceratodus edwardsi, entre placas dentárias superiores (A-E) e placas de dentes inferiores (F-J). Crédito: Challands, T. J., Cavin, L., Zondo, M., Munyikwa, D., Choiniere, J. N., & Barrett, P. M. (2024).

A capacidade de respirar fora da água e outras características dos peixes pulmonados despertam grande interesse científico, principalmente por seu papel na compreensão das primeiras etapas da vida terrestre. Em 2021, por exemplo, cientistas sequenciaram o genoma desses animais, revelando informações valiosas sobre o processo de adaptação ao ambiente terrestre.

Outra habilidade fascinante dos peixes pulmonados é sua capacidade de sobreviver por longos períodos sem comida ou água, criando um casulo de muco em torno de si enquanto permanecem enterrados durante o calor extremo. Podem sobreviver assim por até quatro anos, uma das muitas adaptações intrigantes que os cientistas ainda estudam.

A descoberta do Ferganoceratodus edwardsi destaca a importância das contribuições de paleontólogos amadores, como Edwards, para a ciência. Segundo Paul Barrett, paleontólogo do Museu de História Natural de Londres, descobertas como essa ajudam a esclarecer um período crítico da evolução, quando os dinossauros estavam começando a emergir e os peixes ósseos se diversificavam.

Via Olhar Digital

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