quarta-feira, dezembro 4, 2024
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Descobertas solares da Índia podem evitar “Apocalipse da internet”

Lançado em setembro de 2023 pela Organização de Pesquisa Espacial da Índia (ISRO, na sigla em inglês), o observatório solar Aditya-L1 trouxe resultados inovadores sobre o comportamento do Sol e seus impactos na Terra e no espaço. 

Primeira do país a observar o Sol diretamente no espaço, a missão tem como objetivo fundamental estudar as ejeções de massa coronal (CMEs), que representam uma ameaça crescente à infraestrutura da Terra, como satélites em órbita, sistemas de comunicação e redes elétricas.

Representação artística do observatório solar Aditya-L1, da Índia. Créditos: ISRO/Sumit Jha via South First, sob licença Creative Commons

Em entrevista à BBC, Ramesh Rajaram, professor do Instituto Indiano de Astrofísica, explicou que uma CME, composta por partículas carregadas, pode pesar até um trilhão de quilos e alcançar velocidades de até três mil quilômetros por segundo enquanto se desloca pelo espaço. 

“Ela pode seguir qualquer trajetória, inclusive em direção à Terra”, disse o cientista, que é líder da missão Aditya-L1, complementando que, se isso acontece, o jato pode atingir o planeta em menos de 15 horas, o que representa um grande risco para satélites e redes de energia. 

Segundo Ramesh, em julho, o observatório revelou dados cruciais sobre o Sol, quando um dos seus sete instrumentos científicos, o Coronógrafo de Linhas de Emissão Visíveis (Velc), conseguiu capturar uma CME, permitindo aos cientistas estimar com precisão o momento exato em que o evento começou. 

Como as descobertas da Índia no Sol podem proteger a conectividade do mundo

Em 1989, uma CME derrubou a rede elétrica de Quebec, no Canadá, afetando seis milhões de pessoas. Incidentes semelhantes ocorreram em 2015, quando tempestades solares prejudicaram o controle de tráfego aéreo na Europa. Esses exemplos mostram como as CMEs podem provocar caos em sistemas essenciais na Terra.

Além do impacto no planeta, esses eventos também afetam o espaço. As CMEs podem danificar satélites, prejudicando a comunicação global, incluindo internet, telefonia e sistemas de navegação. Em cenários extremos, isso poderia resultar em sérios transtornos, como a perda de conectividade no planeta – o chamado “Apocalipse da Internet”.

Uma tempestade solar extrema pode comprometer seriamente a Terra – imagem meramente ilustrativa. Crédito: Memory Stockphoto – Spaceweather

Com a missão Aditya-L1, a Índia se junta a um grupo restrito de nações que observam o Sol por meio de missões espaciais, como EUA, Europa, Japão e China. 

No entanto, a sonda indiana oferece uma vantagem única: seu coronógrafo tem um design inovador, permitindo uma visão contínua da coroa solar. Isso é possível porque o equipamento consegue imitar o efeito de um eclipse, proporcionando uma observação sem interrupções, algo que outros coronógrafos, como os presentes nas espaçonaves da NASA e da Agência Espacial Europeia (ESA), não conseguem realizar.

Essa capacidade oferece à ISRO a chance de calcular com mais precisão o momento e a direção de uma CME, um passo importante para melhorar a previsão de tempestades solares. 

Ramesh explica que, se as CMEs puderem ser detectadas em tempo real, será possível tomar medidas preventivas, como desligar temporariamente satélites e redes elétricas, beneficiando o mundo inteiro ao evitar danos significativos.

Via Olhar Digital

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