O titular da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), Guilherme Derrite, resolveu agir contra o conselheiro estadual que o comparou ao alemão Adolf Hitler. Em montagem no perfil no Instagram de Adilson Sousa Santiago, presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), o secretário aparece com o bigode característico do líder nazista. A postagem está no ar desde o último sábado, 29.
Ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), os advogados de Derrite registraram queixa-crime contra Santiago. De acordo com eles, o presidente do Condepe foi responsável pelo crime de difamação.
Na postagem, além de divulgar a montagem em que Derrite aparece com o bigode do líder nazista, Santiago destacou o nome “Guilherme DeHitler”. Além disso, resgatou uma frase dita em 2015 pelo hoje secretário da SSP-SP. Na ocasião, ele era tenente das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), a tropa de elite da Polícia Militar paulista. “É vergonhoso para um policial não ter pelo menos três mortes” foi a frase de Derrite.
“A imagem publicada extrapola a liberdade de expressão, tendo afetado a honra objetiva do querelante”, afirmam os advogados de Derrite, na denúncia contra Santiago. “O nazismo, como se sabe, representa uma das páginas mais sombrias da história. Adolf Hitler, líder do regime nazista, se apoiava em um governo totalitarista, antissemita e eugenista, caracterizado por uma ideologia que defendia a supremacia racial ariana e perpetrava sistemáticas atrocidades, culminando ao Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial.”
Os advogados Alexandre Imbriani, Bruna de Carvalho F. Dias e Isabella Martin Garcia são os responsáveis por representar Derrite no caso. O trio apresentou a queixa-crime ao TJSP nesta quarta-feira, 3. A postagem segue no ar (montagem abaixo).
Derrite se arrepende de fala
No documento apresentado à Justiça, os advogados de Derrite afirmam que ele se arrependeu da frase em que relacionou a qualidade de um policial com número de homicídios em trabalho. O titular da SSP-SP chegou a se desculpar por tal afirmação. De acordo com ele, o caso se deu em um grupo restrito com agentes da Rota no aplicativo de mensagens WhatsApp.
“Em que pese a absolvição, em 2015, o próprio querelante [Derrite] se mostrou arrependido da fala proferida, tendo se retratado publicamente”, afirmam os advogados do secretário. “Depois de ser nomeado como secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo pelo governador Tarcísio de Freitas, a declaração foi ressuscitada pela mídia. Novamente, o querelante se manifestou publicamente, tendo afirmado ter cometido um equívoco ao proferir tal fala, conforme compartilhado em reportagens jornalísticas.”
Na queixa-crime contra Adilson Sousa Santiago, os advogados de Derrite não citam valores. Afirmam, entretanto, que a Justiça deve responsabilizar o conselheiro. Nesse sentido, eles falam em reparo por danos morais.