Deputados federais aumentaram em 75% os gastos com anúncios on-line no primeiro semestre de 2024, em comparação ao mesmo período de 2023. O valor passou de R$ 573 mil para mais de R$ 1 milhão, segundo dados da Câmara dos Deputados. O levantamento é do portal g1.
Ao todo, cem dos 513 parlamentares investiram em “divulgação de atividade parlamentar” na rede social, no valor de R$ 1.004.924,96 em 2024. Os dados mostram que bancadas de 15 partidos contratam a Facebook Serviços Online do Brasil ltda. Este é o nome empresarial da empresa no Brasil.
Já em 2023, foram R$ 573.573,70 de janeiro a junho. Os gastos com Facebook crescem desde 2016, quando a rede social apareceu como fornecedor da Câmara.
Ao longo dos 12 meses de 2023, os deputados gastaram R$ 1.781.666,97 no Facebook, um aumento de 211% em relação a 2022. Parte do conteúdo divulgado inclui discursos no plenário e falas em comissões. Veja abaixo os valores gastos pela Câmara, desde o início do investimento.
2016 | 2017 | 2018 | 2019 | 2020 | 2021 | 2022 | 2023 | 2024 (1°semestre) |
11.303,04 | 68.834,94 | 112.669,10 | 433.058,72 | 608.322,97 | 1.009.530,15 | 572.633,04 | 1.781.666,97 | 1.004.924,96 |
Bruno Ganem (Podemos-SP) e Marcelo Queiroz (PP-RJ) lideram os gastos com Facebook nos seis primeiros meses de 2024. Enquanto Ganem investiu R$ 407.690,70 para engajar com seus 1 milhão de seguidores, Queiroz gastou R$ 384.175,77 para se conectar com 35 mil seguidores.
Justificativas dos deputados para os altos gastos
Ganem justificou seus gastos em razão de “forte atuação através das redes sociais”. “É esse recurso que eu gastei prestando conta das minhas ações de mandato”, afirmou o deputado.
“Eu poderia ter gasto, por exemplo, com combustível ou para pagar o meu almoço. Isso é lícito, e muitos usam pra isso, ou lugar carros e tudo mais. Eu direcionei para poder ter um mandato transparente participativo com a população.”
Ao g1, a cientista política Vera Chaia, da PUC-SP, afirma que houve uma mudança na forma de comunicação dos políticos. Agora, eles usam redes sociais para manifestações públicas. Segundo ela, essa prática empobrece o debate político, que se tornou disperso.