Deputados da Comissão de Agricultura querem ouvir o ministro da Casa Civil, Rui Costa, depois de o ex-secretário de Políticas Agrícolas, Neri Geller, ter dito que a decisão do leilão do arroz partiu da pasta. A revelação foi feita durante seu depoimento em plenário, nesta quarta-feira, 18.
O requerimento de convocação do ministro Rui Costa foi apresentado pelo deputado Coronel Meira (PL-ES), sendo assinado pelos também parlamentares Tião Medeiros (PP-PR), Luciano Zucco (PL-RS) e Marcel Van Hattem (Novo-RS). Nesta quarta-feira, 19, a comissão escuta do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, para falar sobre o leilão do arroz.
Segundo Neri Geller, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), incluindo Rui Costa, iniciou a discussão sobre um leilão do arroz “entre o fim de janeiro e início de fevereiro, salvo engano.” Afirmou que no período, o preço do cereal estava alto e, portanto, “a discussão era justa.”
“Mas nós dávamos a segurança pelas informações que nós tínhamos da Conab e de outros levantamentos de safra, é que estávamos nos aproximando de uma grande safra no Rio Grande do Sul e no Centro-Oeste”, explicou.
O ex-secretário disse que posteriormente ficou “comprovado” que não havia a necessidade do leilão do arroz à época em decorrência do início da colheita no Rio Grande do Sul. “Então a discussão saiu de pauta na Casa Civil e no Palácio do Planalto”, sinalizou.
Geller falou que a discussão sobre o leilão do arroz voltou com a enchente no Rio Grande do Sul, a qual fez com que “o preço do cereal voltasse a subir” nos mercados. Disse que depois das informações sobre as inundações no Estado, houve uma reunião.
“Fomos chamados em uma reunião interministerial na Casa Civil e, portanto, a decisão partiu no âmbito da Casa Civil”, relatou o ex-secretário sobre a abertura do leilão do arroz. Neri Geller afirmou que só participou de uma única reunião e, então, Carlos Fávaro teria “puxado o assunto para o gabinete.”
Para Coronel Meira, é necessário que seja convocado o ministro Rui Costa para aprofundar o tema dentro da Câmara dos Deputados —que conta com um pedido de abertura da CPI do “Arrozão”, liderado por Zucco e que, até o início da noite desta quarta-feira contava com 147 assinaturas.
“Precisamos saber o porquê da decisão de importar arroz, da real finalidade de fazer leilão, do impacto econômico no setor nacional de produção de arroz a curto e médio prazo, do provável risco de desabastecimento, em razão da quebra do produtor brasileiro”, afirmou Coronel Meira.
Rui Costa definiu leilão do arroz
Durante depoimento à Comissão de Agricultura, Neri Geller relatou que a decisão de importar as 300 mil toneladas de arroz junto com o Ministro da Agricultura. Ainda afirmou que não foram seguidos os “critérios técnicos” de um leilão.
“Acho que o governo precisava intervir, colocar 300 toneladas foi muito pesado”, disse em entrevista depois da sessão. “É preciso investigar, não tirar do foco. Precisa fiscalizar e olhar para frente com a perspectiva do que já foi feito.”
Apesar das críticas quanto à condução do certame, o ex-secretário seguiu ao lado do governo Lula. Declarou que era importante que o Executivo “fizesse alguma coisa em relação ao abastecimento naquele momento”, afirmou. “Mas acho que essa questão do leilão foi um equívoco político, sim.”